O agrônomo Xico Graziano declarou, nesta terça-feira (2), em entrevista à CNN, que acabou a história de que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invade apenas terras que estão ociosas, com as ocupações sendo em locais produtivos.

“É muito preocupante. O que está imediatamente claro: as invasões acontecem sobre terras produtivas. Acabou de uma vez por todas essa enganação de que invadem terras que estão ociosas, mal aproveitadas, etc. Sistematicamente, nos últimos anos, muito antes desse episódio, as terras são produtivas. O que significa que é um atentado contra o Estado Democrático de Direito”, explicou Graziano.

“O ministro Paulo Teixeira, que tem formação em direito, que ajude a cuidar disso e cumprir a Constituição que ele disse que é um princípio que não pode abrir mão”, continuou.

O MST invadiu, na madrugada desta segunda-feira (27) três fazendas de monocultivo de eucalipto da Suzano em Teixeira de Freitas, Mucuri e Caravelas, no estado da Bahia.

Uma quarta propriedade de nome Fazenda Limoeiro, na cidade de Jacobina também foi ocupada. Segundo o MST, ela está abandonada há 15 anos.

De acordo com o movimento, cerca de 1.700 famílias “reivindicam a desapropriação imediata dos latifúndios para fins de reforma agrária, tendo em vista que estas propriedades atualmente não estão cumprindo sua função social.”

Ainda dizem que o ato “também é uma denúncia contra a monocultura de eucalipto na região, que vem crescendo nas últimas décadas. E o uso de agrotóxicos pela empresa, que prejudica as poucas áreas cultivadas pelas famílias camponesas e o êxodo rural provocado pela monocultura do eucalipto na região.”

E denunciam os problemas de crise hídrica nos municípios devido à produção em grande escala de eucalipto e a pulverização da área.

A Justiça da Bahia determinou, na quarta-feira (1º), que seja feita a reintegração de posse da fazenda de Mucuri. O juiz Renan Souza Moreira ainda prevê uma multa de R$ 5.000 por dia aos membros do MST caso eles ocupem outras áreas vizinhas da fazenda.

Agora, o movimento tem quinze dias úteis para apresentação da resposta da ação.

Foi autorizado ainda o uso de força policial, caso seja necessário, para a reintegração. Cabe ao Governo da Bahia colocar em prática a medida.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse à CNN que pediu ao MST que deixe a área ocupada, para que o governo possa intermediar um acordo entre as partes em reunião prevista para a próxima quarta-feira (8).

(*Publicado por Douglas Porto)

Fonte: CNN Brasil