Se nos campos o supertime do Flamengo empolga até os torcedores adversários, fora de campo o futebol carioca é a prova viva do que não se pode fazer em época de incerteza. A pandemia do covid-19 simplesmente mexeu com todo o planeta e com todos os setores e, claro, o futebol não foi exceção.

De olho no retorno dos campeonatos europeus, cuja curva da pandemia está em descendente, os dirigentes do futebol brasileiro estão inquietos e pressionam para a retomada dos calendários programados para 2020. Após três meses de paralisação forçada, os campeonatos regionais retornam neste mês de julho, quando deverão ser conhecidos os campeões.

Em São Paulo, os clubes voltaram aos treinos apenas na quarta-feira (1), em respeito às recomendações sanitárias das autoridades do estado e do município. Também em Minas Gerais e Rio Grande do Sul os clubes receberam seus atletas e deram início ao programa de recondicionamento físico e treinamento tático. Isto para ficar nos principais campeonatos regionais do país.

O Rio de Janeiro, porém, se tornou o ponto fora da curva. Acossado por Vasco da Gama e Flamengo, o presidente da Federação do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) Rubens Lopes cedeu e os clubes voltaram a disputar as rodadas restantes da Taça Rio, sob protestos dos dirigentes do Fluminense e Botafogo. Pior ainda foi a decisão demagógica do prefeito Marcelo Crivellla autorizando o retorno das torcidas aos estádios, com limitação no número de torcedores e respeitando-se os protocolos de segurança sanitária de combate à pandemia. Ora, todos sabemos, que isto não passa de uma decisão eleitoreira pois este ano haverá eleições municipais e Crivella é canidato à reeleição.

O decreto do prefeito foi cassado por um juiz que considerou a medida contrária à segurança de saúde e pode tornar-se sem efeito. Nada mais lógico em um momento no qual o Rio de Janeiro passa por um período de aumento de casos de coronavírus e consequentemente de mortes. Acredito que a liberação de público nos estádios apenas deverá ser permitida após a descoberta de uma vacina eficaz para combater a pandemia.

Para reforçar esta tese, podemos lembrar o que ocorreu a final da Copa da Dinamarca, que teve de ser interrompida aos 30 minutos do primeiro tempo depois que torcedores do Aalborg se recusaram a obedecer as regras de distanciamento social na arquibancada. A decisão contra o SonderjyskE, em Esbjerg, permaneceu paralisada por cerca de 15 minutos e só foi restabelecida depois que o grupo foi expulso do estádio.

Para a final, foram disponibilizados 725 ingressos para cada equipe. Os fãs poderiam acompanhar a partida, desde que respeitassem a distância de um metro entre eles. Porém, os ultras – como são conhecidas as torcidas organizadas europeias – do Aalborg se aglomeraram. Com tanta gente nas arquibancadas fica mesmo muito difícil para os policiais fiscalizar o distanciamento social. Portanto, a decisão mais sábia é mesmo impedir o acesso dos torcedores aos estádios.

Para piorar, o presidente do Flamengo Rodolfo Landim decidiu fazer um lobby junto ao presidente da República Jair Bolsonaro para que ele assinasse uma medida provisória que dá direito ao mandante de negociar a transmissão de suas partidas como quiser. E assim foi feito com a transmissão da vitória do Flamengo sobre o Boavista na quarta-feira (1) por 2 a 0–gols de Pedro e Gerson–enquaanto a TV Globo transmitio a partida entre Portuguesa e Botafogo, que terminou em empate de 0 a 0.

O que, em princípio, parece democrático pode significar a morte do futebol brasileiro. Ora, os clubes mais poderosos serão claramente beneficiados e os pequenos ficarão cada vez menores. Assim, pouco a pouco os torcedores vão perdendo o interesse pela competição em razão do desnível dos participantes. Ao meu ver, o melhor a se fazer é criar uma liga de clubes–similar às ligas europeias–e a negociação seria em bloco com os representantes da liga e os interessados em adquirir os direitos de transmissão. Os mais afoitos (leia-se bolsonaristas empedernidos) vibraram pelo “troco” do presidente na “satânica” Rede Globo, mas se esquecem que a emissora líder de audiência tem uma qualidade de transmissão incomparável no Brasil.

Portanto, é melhor se colocar as paixões de lado e começar a tratar o futebol como negócio para todos ganharem: os próprios clubes, que terão mnelhores remuneração; as emissoras, que terão um produto de melhor qualidade, e os torcedores que poderão assistir a campeonatos mais emocionantes e equilibrados.

MLS terá super torneio em Orlando

O clássico entre Orlando City e Miami Inter marcará o super torneio da MLS (Major League Soccer) que será disputado nas instalações esportivas da ESPN/Disney World of Sports a partir de 8 de julho. Todos os participantes disputarão um mini torneio em um só local, onde também será jogada a final do campeonato neste ano atípico.

Brasileirão começa em agosto

Prefeito do Rio, Marcelo Crivella, quer liberar público nos estádios
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella, quer liberar público nos estádios

A direção da CBF e os dirigentes de clubes das séries A e B projetaram, em reunião nesta quinta-feira, o início do Campeonato Brasileiro para o fim de semana de 8 e 9 de agosto. Com 38 rodadas mantidas, a edição do Brasileiro 2020 só vai terminar em fevereiro.

CBF soltou a seguinte nota:

“O campeonato Brasileiro da Série A poderá retornar no dia 9 de agosto, domingo. A Série B tem data prevista de recomeço para 8 de agosto.

A decisão foi tomada na noite de quinta-feira (27), em reunião convocada pela CBF junto com a Comissão Nacional de Clubes (CNC) com a participação dos 40 clubes disputantes duas séries.

As datas básicas e o cronograma de retorno foram propostos pelo presidente da CBF, Rogério Caboclo, e apoiadas pelos clubes.

O retorno do futebol depende da autorização das autoridades de saúde. Mas, dezenove dos vinte clubes da Série A se dispuseram a jogar fora das suas cidades, em última instância, caso até lá seus municípios não estejam liberados pelas autoridades de saúde a realizar jogos. Foi um sinal de apoio à realização da competição pela CBF.”

Tudo indica que esta data será alterada porque os clubes paulistas estão pedindo postergação no início do certame, alegando que os clubes de outros estados estão à frente em termos de preparo físico e condicionamento. E contam com o apoio declarado do Fluminenense.

Jogos da primeira rodada do Brasileirão Série A 2020:
Flamengo x Atlético-MG
Botafogo x Bahia
Palmeiras x Vasco da Gama
Santos x Red Bull Bragantino
Corinthians x Atlético-GO
Grêmio x Fluminense
Sport x Ceará
Coritiba x Internacional
Fortaleza x Athletico
Goiás x São Paulo

Fonte: AcheiUSA