A Tunísia, que comemora neste domingo o sétimo aniversário de sua revolução, foi abalada por diversos problemas, especialmente sociais, após a queda de Zine El Abidine Ben Ali, tirado do poder após um levante que deu início à Primavera Árabe.

– Queda de Ben Ali –

Em 14 de janeiro de 2011, Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita após 23 anos no poder, devido a uma revolta popular desencadeada por um jovem vendedor que ateou fogo em si mesmo em Sidi Bouzid (centro-oeste), exasperado pela pobreza e pela humilhação policial.

O levante deixou 338 mortos e mais de 2.100 feridos, segundo dados oficiais, e levou a centenas de prisões.

– Vitória de Ennahdha –

Em 23 de outubro daquele ano, o movimento islâmico Ennahdha, legalizado em março, conseguiu 89 dos 217 assentos da Assembleia Constituinte, nas primeiras eleições livres na história do país.

Em dezembro, Moncef Marzouki, militante de esquerda, foi eleito chefe de Estado pela Constituinte. Hamadi Jebali, o número dois do Ennahdha, foi encarregado de formar o governo.

– Problemas –

Em junho e em agosto de 2012, manifestações violentas e ataques de facções radicais islâmicas se espalharam pelo país.

Em setembro, centenas de manifestantes denunciaram um filme islamofóbico na internet. Em seguida, supostos jihadistas atacaram a embaixada americana, e quatro foram mortos.

Entre 27 de novembro e 1 de dezembro de 2012, começaram a surgir distúrbios em Siliana, no sudoeste de Túnis, deixando 300 feridos.

Após o verão, greves e manifestações abalaram a indústria, os serviços públicos, o transporte e o comércio. Como na época da revolução, os conflitos ganham força nas regiões de interior, marginalizadas economicamente.

– Assassinatos de opositores –

Em 6 de fevereiro de 2013, o opositor anti-islâmico Chokri Belaïd foi morto em Túnis. Em 25 de julho, o deputado Mohamed Brahmi também foi assassinado perto da capital.

As duas mortes, que provocaram profundas crises, foram reivindicadas por radicais ligados ao grupo Estado Islâmico (EI).

– Primeira presidencial –

Em 26 de janeiro de 2014, foi adotada uma Constituição, com mais de um ano de atraso. Um governo de tecnocratas se formou, e os islamistas deixaram o poder.

Em 26 de outubro, o partido anti-islâmico Nidaa Tounès, de Béji Caïd Essebsi, que reúne figuras de esquerda e centro-direita próximas ao regime de Ben Ali, supera o Ennahdha e ganha as legislativas.

Dois meses mais tarde, Caïd Essebsi vence a eleição presidencial.

– Atentados –

Em 2015, o EI, instalado na vizinha Líbia, comete três atentados: em 18 de março contra o museu do Bardo, em Túnis (21 turistas estrangeiros e um policial tunisiano mortos); em 26 de junho, contra um hotel perto de Sousse (38 mortos, 30 dos quais britânicos); e em 24 de novembro contra a guarda presidencial (12 mortos).

Em março de 2016, dezenas de jihadistas atacaram instalações de segurança em Ben Guerdane (sul).

– Série de contestações sociais –

Em janeiro de 2016, uma onda de contestação teve início em Kasserine (centro), após a morte de um jovem desempregado, eletrocutado em um protesto. A ira se espalha por diversas regiões, e as autoridades decretam toque de recolher.

Em maio, o Fundo Monetário Internacional (FMI) dá sinal verde para um plano de ajuda de 2,9 bilhões de dólares ao longo de quatro anos.

Em agosto, Youssef Chahed, do Nidaa Tounès, é encarregado de formar um novo governo “de união nacional”, para substituir a equipe anterior, criticada por sua ineficácia, sobretudo em termos econômicos.

Em maio de 2017, a ocupação da estação de petróleo de El-Kamour (sul) leva a confrontos com as forças de segurança. Um manifestante é assassinado por um veículo de gendarmeria, segundo Túnis, por acidente.

No começo de dezembro, a violência assola Sejnane (norte), após a morte que uma mulher que tentou atear fogo em si mesma para protestar contra o fim de um auxílio econômico social.

Em 1 de janeiro de 2018, um orçamento austero, que aumenta sensivelmente os impostos, entra em vigor. Têm início manifestações pacíficas.

No dia 8, o descontentamento social leva a tumultos, com confrontos entre jovens e policiais após a morte de um homem durante uma manifestação. Mais de 800 pessoas foram presas.

Fonte: ISTOÉ Independente