O engenheiro Giuliano Conte, de 29 anos, dono do cão Weiser — Foto: Arquivo pessoal

Dono de cachorro que morreu durante um voo da Latam entre Guarulhos (SP) e Aracaju (SE), o engenheiro civil Giuliano Conte afirmou nesta terça-feira (19) que espera que “todas as companhias aéreas revejam a forma como transportam os animais” no Brasil.

Segundo Conte, o cão Weiser, de quase 4 anos, embarcou no voo da Latam Cargo em 14 de outubro em perfeitas condições de saúde, mas chegou morto ao aeroporto da capital sergipana.

Por causa do episódio, a Latam decidiu interromper por 30 dias o transporte de pets no porão de aviões da companhia desde a última sexta-feira (15).

A suspensão, segundo Giuliano Conte, “não vai trazer o Weiser de volta”, mas é o primeiro passo, segundo ele, para que todas as companhias aéreas revejam suas políticas de transporte de animais.

“Nada vai trazer o Weiser de volta. Nós estamos em choque e muito abalados, mas esperamos que esse seja o primeiro passo para que não só a Latam, mas todas as companhias aéreas, revejam suas políticas de transporte de animais no Brasil”, disse ele.

“Nós fizemos tudo o que a companhia orientou. Trocamos a caixa de acrílico por madeira, chegamos quatro horas antes da saída do avião, o cão estava com a documentação em ordem. Mas mesmo assim aconteceu essa tragédia. Algo está sendo feito errado por eles”, completou o rapaz.

O engenheiro Giuliano Conte e o cão Weiser, que viajava de Guarulhos (SP) para Aracaju (SE), mas morreu por asfixia no trajeto — Foto: Arquivo pessoal

Weiser era um cachorro da raça american bully, que possui porte físico forte e atlético. Os especialistas afirmam que o cão é uma das variações da família dos pitbulls, se destacando por ser muito leal ao dono.

Giuliano Conte diz que ele era o melhor amigo dele e da esposa, que está grávida de três meses e muito abalada com o ocorrido.

“É muito triste chegar em casa hoje e não ser recebido por ele no portão. Muito difícil perder um melhor amigo dessa forma, no dia do meu aniversário de 29 anos e com a esposa grávida de três meses. Ele era a nossa alegria. Não dá para descrever o impacto disso neste momento de tanta mudança pra gente”, disse o engenheiro.

O que diz a Latam

Procurada pela reportagem do g1, a Latam afirmou que “está consternada com o ocorrido ao cão Weiser, transportado na tarde de 14 de outubro de 2021” e afirmou que o laudo do veterinário contratado pela empresa mostrou que o cão da família Conte morreu por asfixia, após roer parte da caixa de madeira (kennel) em que era transportado no avião.

A empresa diz que seguiu todos os procedimentos requeridos para o transporte de animais e que a caixa de transporte estava em concordância com os protocolos da empresa para o transporte de animais de grande porte.

“Em laudo emitido pela clínica veterinária que atendeu o Weiser, foi observado que ele roeu o kennel de madeira em que estava e se asfixiou. O Kennel estava em concordância com o processo de transporte de animais e de grande porte. A LATAM está acompanhando o caso e segue à disposição para prestar toda a assistência aos tutores do cão”, disse a nota (veja a íntegra ao final da reportagem).

O cão Weiser, da raça american bully, que tinha quase quatro anos de idade. — Foto: Acervo pessoal

Outras viagens

Giuliano Conte, dono do Weiser, disse ao g1 que já havia viajado com o cachorro de avião em outras oportunidades, embarcando o animal no mesmo voo dele e da família.

Mas ao chegar no aeroporto de Guarulhos no feriado de 7 de setembro para seguir para Aracaju, foi informado no galpão de check-in que os procedimentos da empresa haviam mudado.

“Eu já estava com autorização da empresa para que ele fosse no mesmo voo que eu, como já tínhamos feito em outras oportunidades. Nunca tinha tido nenhum problema. Dessa vez, porém, negaram o embarque dele comigo e disseram que ele teria que seguir em outro voo da Latam cargo. Levamos ele para a casa dos meus sogros até que um novo processo fosse feito para ele embarcar outro dia. E deu nisso…”, declarou Conte.

A Latam afirmou, por meio de nota, que “já vinha fazendo uma análise profunda de todos os procedimentos deste tipo de transporte, e neste lamentável evento cumpriu todos os processos de forma correta”.

“Diante deste cenário, a empresa decidiu neste momento suspender a venda para o transporte de Pets no porão das aeronaves nos 30 próximos dias para o mercado brasileiro”, declarou a nota.

Segundo a empresa, o cliente que já adquiriu o serviço poderá seguir com o transporte normalmente, postergar sem custo ou então optar pelo reembolso nos canais de atendimento.

Pet na cabine da aeronave

Para quem pode levar os animais de estimação na cabine da aeronave, junto com os passageiros, o serviço segue normalmente em voos da Latam. Para levar a bordo, o cachorro ou gato deve ter:

  • bom estado de saúde;
  • atestado médico emitido por um veterinário até 10 dias antes do voo e mais alguns certificados, dependendo do destino;
  • comportamento dócil;
  • pelo menos 8 semanas de vida, com exceção dos Estados Unidos, que aceitam animais apenas a partir de 4 meses de idade;
  • o animal não pode estar sedado;
  • deve estar em kennel que atenda as regras da empresa.

A solicitação para o serviço, que é pago à parte, deve ser feita em contato com a Latam por reserva ou até 4 horas antes do voo (sujeito à disponibilidade).

Para levar o pet, o check-in precisa ser feito no aeroporto.

Outro caso

Em setembro passado, a estudante Gabriela Duque Rasseli, de 24 anos, cobrou a Latam por possíveis maus-tratos contra seu cachorro de estimação, durante um voo entre São Paulo e Rio de Janeiro. Segundo ela, o animal morreu depois de passar algumas horas aos cuidados da empresa.

“A empresa esclarece ainda que seguiu todos os procedimentos de aceitação e transporte do pet, que atendem rigorosamente aos regulamentos de autoridades nacionais e internacionais”, disse a companhia à época.

VÍDEOS: Tudo sobre São Paulo e região metropolitana

Fonte: G1