Descubra o Brasil: Icapuí, a praia cearense ainda escondida

Descubra o Brasil: Icapuí, a praia cearense ainda escondida

Última cidade do litoral do Ceará, antes da divisa com o Rio Grande do Norte, Icapuí é conhecida pela diversidade paisagens protegidas e conservadas. Ao todo, são 64 km de litoral e 16 praias formadas por inúmeros paredões de falésias, dunas, mangues, piscinas naturais e centenas de coqueirais, ou seja, pode soar atraente para fãs de dias relaxados em contato com a natureza.

O Descubra o Brasil vai apresentar nos próximos três meses destinos que já estão no radar dos viajantes que buscam roteiros diferentes, mas que merecem ser mais conhecidos.

Icapuí integra a Rota das Falésias (o maior conjunto desses paredões rochosos na América Latina), um roteiro turístico formado por mais de 10 cidades entre os territórios cearense e potiguar.

O turismo comunitário começou a despontar na década de 1990, mas só se organizou de maneira profissional para atrair mais visitantes no início dos anos 2.000.

O processo de ocupação do território de Icapuí teve início no século 18, graças à economia das charqueadas – a famosa carne de sol. O nome surgiu em 1943, tem origem indígena e significa “coisa ligeira”.

“Temos um patrimônio natural estabelecido pelo próprio território e um potencial muito forte. A praia de Ponta Grossa se tornou a nossa porta de entrada para turistas e, a partir dela, as outras comunidades foram se organizando”, contou Eliabe Crispim da Silva, turismólogo nascido e criado em Icapuí.

É justamente da praia de Ponta Grossa que parte a maioria dos passeios, entre eles mergulho em águas calmas para observar peixes coloridos. Também é possível degustar os famosos “espetinhos de lagosta” feitos com o filé do crustáceo que é a principal fonte de renda da cidade.

Considere a lagosta

Icapuí é conhecida como a “terra da lagosta”, a maior produtora do crustáceo do Ceará – somente em 2019 foram produzidos e exportados quase 600 toneladas, segundo relatório anual da prefeitura.

Entre outras opções de lazer, destacam-se os passeios de buggy ou de quadriciclo pelas principais praias, falésias e mangues. No centro da cidade, no mercado de artesanato, o turista terá contato com o trabalho de artesãs – tramas de labirinto, rendas e bordados típicos da região.

Da praia de Ponta Grossa também parte o passeio pela trilha ecológica, uma caminhada até as dunas e que dura cerca 20 minutos. A prefeitura considera as dunas um patrimônio natural da cidade e não recomenda passeios de buggy pelos bancos de areia por considerá-los prejudiciais à natureza.

Segundo Manuel de Freitas Filho, secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Icapuí, as dunas de Icapuí são um dos pontos mais altos do Ceará e podem ser avistadas a cerca de 19 milhas (30 km) mar adentro.

“A população luta para preservar as dunas. Por isso recomendamos que os passeios sejam feitos a pé”, explicou.

Do alto das dunas, o visitante terá uma visão panorâmica do mar, das dunas e falésias. Ao final do dia, o pôr do sol atrai os turistas.

A praia de Requenguela, que está na Área de Preservação Ambiental da Barra Grande, é outro destino muito procurado para quem gosta de apreciar a natureza.

Lá os visitantes podem conhecer a dinâmica do ecossistema dos manguezais, sua fauna e sua flora. A prefeitura construiu uma passarela suspensa por cima do mangue, por onde se observam diversas espécies de plantas e aves nativas do mangue. A trilha é toda sinalizada.

Veja a seguir outros destaques de Icapuí:

  • Há 12 anos a prefeitura organiza o “Festival da Lagosta” que oferece também pratos com camarão, mariscos e peixe. O evento recebe cerca de 15 mil visitantes por ano e reúne cerca de 30 restaurantes e barracas onde os turistas podem degustar pratos locais como lagosta alho e óleo e lagosta ao molho de manga.
  • Um dos passeios é acompanhar os pescadores para vivenciar a pesca artesanal da lagosta e visitar o Projeto Lagosta Certificada, que busca garantir a preservação e a certificação desse crustáceo.
  • Há aulas de kitesurf na praia de Tremembé, e para quem quer sossego há passeios a cavalo entre dunas e coqueirais na praia de Manibu.
  • Na praia de Requenguela, os visitantes podem observar o fenômeno de recuo e chegada do mar – a maré chega a recuar 3 km. Quando sobe, transforma o local numa espécie de piscina natural para banho.
  • Icapuí também oferece passeios para ver os peixes-boi-marinho, animais ameaçados de extinção. A observação acontece a pelo menos 30 metros de distância. Um projeto de preservação recolhe os filhotes que encalham e se perdem da mãe e os enviam para recuperação em cativeiro até que possam voltar à natureza
  • Na Praia de Barrinha, há o Banco de Algas dos Cajuais e o projeto Mulheres de Corpo e Algas, iniciativa comunitária na qual se produzem e comercializam cosméticos e alimentos a base de algas.

Para o turista se organizar, Icapuí possui 34 opções de hospedagem, incluindo hotéis, chalés e pousadas. Tem 47 restaurantes e barracas que trabalham o forte da culinária local. A cidade tem 18 bugueiros e 15 quadriclos credenciados.

Possui agências bancárias do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco, mas não possui nenhum banco 24 horas. Os estabelecimentos comerciais trabalham com cartão. As quatro principais operadoras de celular funcionam na região – Vivo, TIM, Oi e Claro – mas o sinal pode oscilar dependendo da localização.

Ao menos 70 mil pessoas visitam Icapuí todos os anos. Segundo o secretário de turismo, houve investimentos em infraestrutura – construção de estradas, vias de acesso às praias e melhoria no abastecimento de água. Há cinco anos nossa situação era muito mais deficitária”, afirmou Freitas.

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Fonte: G1