Após o governo britânico incentivar a retomada do turismo, o brasileiro Henrique Kyrissoglou, 31, que vive na Inglaterra há três anos, sentiu confiança para fazer sua primeira viagem desde o início da pandemia.

No começo deste mês, o engenheiro e sua namorada, Gabriela Malta, 30, visitaram a Croácia, destino escolhido em razão do baixo índice de infecções pelo novo coronavírus.

Até chegar lá, porém, houve momentos de apreensão. O casal ficou com medo de que o voo fosse cancelado por um fechamento das fronteiras ou pela falta de passageiros –o que havia acontecido com uma amiga dias antes.

Mas o voo não só saiu como estava lotado. “Pensei que teria distanciamento, lugares vazios”, afirma ele.

Já na chegada a Split, cidade às margens do mar Adriático, os brasileiros perceberam que ali a preocupação com a Covid-19 não era tão grande.

“O motorista do Uber estava de máscara, mas disse que poderíamos tirá-la. Falou: ‘Aqui não tem essa de corona, tivemos cem mortes, podem ficar sossegados'”, conta Henrique.

Os turistas, diz ele, estavam ainda mais relaxados que os croatas. “Se tem uma sombra na praia, todos disputam, ficam aglomerados.”

Moradores e viajantes vestem máscara apenas nos locais onde há placas que sinalizam a obrigatoriedade do uso, caso de lojas e do transporte público. Ao ar livre, a proteção não é uma exigência.

“No Reino Unido, me sinto mais ameaçado. Na Croácia, passava álcool em gel, mas acabei largando a mão do distanciamento”, diz o engenheiro, que também percorreu de carro as cidades de Makarska e Ston, e visitou Dubrovnik.

Nenhuma das fotos tiradas nesses destinos foi parar nas redes sociais. “Não estou postando nada, primeiro, por causa das pessoas que estão em casa no Brasil, e, segundo, porque podem julgar que estou me arriscando, sem entender que a situação aqui está diferente”, afirma.

Já a criadora de moda Bianca Belli Piaz, 35, que mora em Blumenau (SC), tem publicado no Instagram stories sobre as viagens que está fazendo durante a pandemia. “Posto mais imagens dos lugares.”

Bianca marcou para setembro sua lua de mel nas Maldivas, país que retomou os voos internacionais em julho e permite a entrada de passageiros vindos do Brasil.

Ela e seu noivo vão se casar em Blumenau, em uma cerimônia só para a família. Os dois foram obrigados a cancelar a celebração original, que seria realizada em junho na ilha de Mikonos, na Grécia.

Com os planos de sair do país frustrados num primeiro momento, eles resolveram viajar de carro pela região Sul. Em abril, ficaram em um spa na Serra Gaúcha, no qual só havia mais uma pessoa hospedada. Depois, mais hóspedes chegaram.

Para entrar lá, os dois fizeram teste para Covid-19. Todos tinham que usar máscara e não podiam deixar as dependências do spa, o que é permitido em tempos normais.

O casal também ficou hospedado em dois hotéis de luxo em Santa Catarina, um em Bom Jardim da Serra e outro, Praia Grande. Neste último, as refeições foram servidas no quarto, e era necessário fazer reserva para usar as piscinas.

Em julho, eles decidiram para fazer uma viagem mais longa, de avião. Foram para Barra de São Miguel e Porto de Pedras, em Alagoas.

Ali, havia barreiras sanitárias, nas quais as pessoas eram paradas para a verificação da febre. Uma equipe também instruía sobre a importância do uso de máscara.

Durante a estadia, o casal encontrou menos regras que nas experiências anteriores. No check-in, eles tiveram a temperatura medida e responderam a um questionário de saúde.

Dentro do hotel, funcionários usavam máscara e tinha mais pessoas na piscina. “Às vezes, você tinha a sensação de que não estava em uma pandemia”, afirma Bianca.

Brasil não limita capacidade das aeronaves

Em voos no território nacional, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é responsável por recomendar os protocolos a serem seguidos pelos aeroportos e companhias aéreas.

Não há limitação sobre a ocupação da aeronave, mas, se houver espaço, os passageiros devem manter o distanciamento. “Considerando a redução do número de viajantes nos voos, recomenda-se que as companhias aéreas, sempre que possível, aloquem os viajantes distantes uns dos outros dentro das aeronaves”, afirma a agência, em nota técnica para o setor.

É aconselhado que se mantenha um distanciamento de dois metros entre as pessoas nos aeroportos, incluindo nas filas de check-in e embarque, e que se evite aglomerações nas áreas de alimentação e espera.

A agência recomenda que todos os passageiros usem máscaras no aeroporto e durante os voos. Funcionários dos terminais e das companhias aéreas também devem usar a proteção.

Há ainda a indicação de que o desembarque ocorra por filas, de forma que os passageiros fiquem sentados até chegar a sua vez de sair da aeronave.

Fonte: Folha de S.Paulo