Jair Bolsonaro é um tipo que come miojo no quarto do hotel depois do banquete do imperador do Japão.

Ele aglomera no trailer do hot dog. Ele junta gente na pastelaria.

Quando se exibe publicamente em um restaurante, é na churrascaria rodízio, ao lado de caminhoneiros, agricultores e cantores sertanejos.

Ele quer parecer simplão, do povo. Lógico que não é. Mas a audiência do cercadinho engole.

Em Nova York, Bolsonaro e sua comitiva de saltimbancos jantaram em pé, em frente à Slice da Terceira Avenida. É uma pizzaria que vende no balcão, para quem passa na rua, fatias por US$ 3 (algo como R$ 16). Caro para nossos bolsos, mas lá custa só 3 dinheiros.

Ainda na noite de ontem, sites diziam que a delegação brasileira jantou na calçada para burlar a lei municipal que exige atestado de vacinação para entrar em restaurantes.

Não é bem assim. Eles poderiam comer num restaurante sem entrar no restaurante: a exigência não vale para as áreas externas. Mas Bolsonaro preferiu passar seu recado de forma teatral.

Ao comer na calçada com ministros e aspones, o presidente envia uma banana para o antecessor Michel Temer –o ghost writer de sua carta quase limpinha. A banana de Bolsonaro também se destina aos ricos de unhas feitas que riram de sua cara em volta de uma mesa de jantar cheia de vinhos com etiqueta de quatro dígitos.

O truque tacanho funcionou. De novo. Tanto que a presepada do Jair está em todo lugar, inclusive aqui.

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Fonte: Folha de S.Paulo