A pandemia mais uma vez danou com o evento de Páscoa mais comentado do norte de Portugal: a Feira da Foda, de Monção, no Minho. Pelo segundo ano seguido, a festividade precisou ser cancelada. Segundo o jornal português Público, as fodas serão entregues em casa por quem pedir.

Foda, no caso, é um prato de cordeiro assado típico da região, feito numa cumbuca de barro em forno a lenha.

A palavra “foda” tem, em Portugal, o mesmíssimo sentido que tem no Brasil. O site oficial da festa diz que o termo passou a designar o cordeiro devido a um costume um tanto desleal dos pastores de ovelha. A seguir, o que o site diz a respeito da gênese da foda:

“Reza a história que, muito tempo atrás, os habitantes do burgo, que não possuíam rebanhos, se dirigiam às feiras para comprarem o animal pretendido. Na feira, havia de tudo, gado bom e menos bom. A verdade é que os criadores e contratadores de rês, quando levavam o seu gado ovino para a feira, tinham como objetivo vendê-lo pelo melhor preço e, para que aparentassem gordos, era prática colocar sal na forragem, fato que obrigava o gado a beber muita água.”

“Na feira, o gado aparecia com a barriga cheia de água e pesado, parecendo realmente bem tratado, muito gordo. Os incautos, que não tinham conhecimento da ‘manha’ compravam aqueles autênticos ‘balões de água’ e, quando se apercebiam do logro, exclamavam à boa maneira minhota: ‘Que grande foda!’ ”

“O termo –foda– foi-se vulgarizando, ao longo do tempo, e o prato passou a designar-se por foda. De tal forma, que é frequente pelas alturas festivas (Páscoa, Santos Padroeiros, Corpo de Deus, Senhora das Dores ou Fim do Ano) ouvir as mulheres minhotas exclamarem: ‘Ó Maria, já meteste a foda?’, ou seja, já confeccionaste o cordeiro à moda de Monção, em alguidar de barro, levado ao forno de lenha.”

O roteirista Jorge Vaz Nande, nativo de Monção e residente de São Paulo, contesta essa versão da história. Diz ele que nunca a ouviu de seus avós. “Um ou outro cara cair nisso, tudo bem. Mas enganar tanta gente que criaria uma palavra nova?”

De acordo com Jorge, o cordeiro assado é realmente uma tradição do domingo de Páscoa em sua cidade –“eu cresci chamando de cabrito, apesar de ser cordeiro– e é um prato que demanda muito trabalho.

Essa poderia ser a verdadeira explicação para o apelido chulo do prato. “É caro e dá uma trabalheira, então, é uma grande foda.”

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Fonte: Folha de S.Paulo