Os turistas se misturam aos locais nos 1.485 quilômetros quadrados pelos quais a Cidade do México se espalha. A megalópole com 20 milhões de habitantes, localizada a 2.250 metros de altitude, recebe mais de 2,5 milhões de visitantes por ano.

Apesar dos números superlativos, a capital mexicana nem sempre é caótica. Há bairros que parecem não pertencer ao mesmo lugar. 

Em Roma, região retratada no filme homônimo dirigido por Alfonso Cuarón e premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2019, predominam casas e prédios baixos. Se nos anos 1970, época em que se passa a obra, as residências abrigavam famílias de classe média-alta, hoje Roma e seu vizinho Condessa reúnem bares e cafés hipsters.

Já em Polanco o cenário é mais parecido com o de uma película de ficção científica, com prédios espelhados, lojas luxuosas e hotéis de design. 

O edifício mais marcante tem forma de chaminé, é revestido de placas de alumínio e abriga o Museu Soumaya.

Com entrada gratuita, a galeria guarda a coleção particular de Carlos Slim, bilionário mexicano do ramo de telecomunicações. O acervo, distribuído em seis andares, inclui obras de Rodin (1840-1917) e Vincent van Gogh (1853-1890).

No mesmo bairro estão ainda os restaurantes que colocaram o país no mapa da gastronomia mundial, com destaque para o Pujol, do chef-celebridade Enrique Olvera, expoente da nova cozinha mexicana e dono de estabelecimentos em Nova York e Oaxaca.

Mais descontraído, o Quintonil, no mesmo bairro, promete ameaçar mais a majestade do rival –na lista The World’s 50 Best, ele já é o 11º melhor restaurante do mundo, enquanto o Pujol está na 13ª posição. Para comer em um deles é preciso reservar com meses de antecedência.

Sem tanto planejamento dá para conhecer outros bons endereços na capital. Em Roma está o Máximo Bistrot, cujo cardápio mistura influências italianas e ingredientes produzidos nos arredores da metrópole, e o La Docena, com receitas de peixes e frutos do mar feitas na grelha.

Com duas unidades na capital, em Roma e Polanco, o bar Licorería Limantour é um bom destino para quem quer provar destilados mexicanos, como tequila e mezcal. 

Para o café da tarde, experimente a concha, pão doce macio de crosta açucarada. Trata-se da especialidade da padaria Bakers, em Condesa, que também pode ser encontrada no Café Nin, onde conchas de vários sabores são levadas à mesa em bandejas com outros pães folhados.

Conectando Polanco e o centro histórico está o paseo de la Reforma, a avenida Paulista mexicana.

Ladeada por prédios de bancos e hotéis, a via é fechada aos domingos para o trânsito de veículos e fica tomada por famílias, ciclistas e vendedores de comida de rua. O trecho mais bonito é o que cruza o bosque de Chapultepec e funciona como uma passarela de museus.

De um lado está o Museu de Antropologia, que mostra com maestria a importância das civilizações maia e azteca para a cultura local. Suas salas exibem artefatos da era pré-colombiana com explicações em inglês e espanhol. 

No outro extremo do bosque fica o castelo de Chapultepec, construído para o vice-rei do império espanhol no final do século 18, que passou a funcionar como Museu de História Nacional em 1944. A caminhada até o castelo, no topo de uma colina, rende boas vistas do parque.

Na outra ponta do paseo de la Reforma é a região do Zócalo, praça erguida sobre ruínas do povoamento asteca de Tenochtitlán. Oficialmente conhecida como plaza de la Constitución, reúne programação para vários dias. 

Estão lá a Catedral Metropolitana e sua fachada gótica de mais de 100 metros de largura, as ruínas do templo Mayor, erguido pelos astecas, e o Palácio Nacional, sede do Poder Executivo e casa do mural mais conhecido do país, pintado por Diego Rivera (1886-1957) nos anos 1930.

O labirinto de ruas que parte dessa praça leva a outros pedaços da história mexicana. Uma rápida caminhada conduz ao Palácio de Belas Artes. O prédio art-déco coberto por mármore carrara abriga exposições temporárias.

Nas ruas apertadas do centro escondem-se bons endereços para provar a comida mexicana do dia a dia. Um dos mais populares é a taqueria El Huequito, que ganhou fama após aparecer no programa de TV do chef americano Anthony Bourdain. 

Outro sucesso é a Churrería El Moro, que desde 1935 usa a mesma receita para seus churros com chocolate quente.

Para qualquer passeio fora da região que vai de Polanco até o centro é necessário enfrentar algumas horas de trânsito ou de transporte público.

Distante quase 12 quilômetros do Zócalo, o bairro de Coyoacán ficou conhecido por acolher figuras históricas como o líder comunista soviético Leon Trótski (1879-1940). 

A atração mais visitada ali é o Museu Frida Kahlo, que ocupa a casa azul onde a pintora mexicana viveu com o marido, Diego Rivera, por 25 anos. As filas podem levar até quatro horas, por isso é recomendável comprar ingresso pelo site museofridakahlo.org.mx, por 246 pesos (cerca de R$ 50). 

A casa onde viveu e morreu Trótski também virou um museu com tours guiados por estudantes. Os guias explicam a relação do revolucionário com o México e recontam seus últimos dias de vida no aposento onde ele foi assassinado.

Entre um museu e outro dá para fazer uma parada no Mercado de Coyoacán, onde um estande de tostadas, o mais lotado, vende tortilhas crocantes servidas com ceviches, mariscos ou guisados de carne. 
Menos tradicional, o Café Negro é uma dessas cafeterias que detalha a origem do grão e o tipo de extração que dá origem à bebida.

Mais afastado que Coyoacán, o distrito de Xochimilco tem uma extensa rede de canais que formam ilhas, as chamadas chinampas, com moradores que mantêm pequenas roças de hortaliças e de flores. 

O barato é visitar a região aos fins de semana, quando mexicanos enchem os cais de onde saem passeios de barco. A tradição manda juntar a família em trajineras, barcos coloridíssimos, para celebrar aniversários. 

Nesses dias, o canal principal vira uma confusão de jangadas vendendo comidas e mariachis que tocam a pedido de passageiros. O circuito de uma hora custa cerca de 500 pesos (R$ 98) por barco. 

A história de Xochimilco remonta à época pré-hispânica, quando a área funcionava como celeiro da capital do império asteca. Naquela época, as chinampas eram menos extensas, e os canais serviam também como meio de proteção contra invasores.

Para chegar lá o ideal é descer na estação de trem Terminal Xochimilco e caminhar até o Embarcadero Nuevo Nativitas. Vale a pena combinar o passeio com a visita à Coyoacán, bairro que fica no meio do caminho entre o centro e os cais de Xochimilco. 

Em uma cidade tão grande é essencial hospedar-se em um local de acesso fácil. A maioria dos hotéis-boutique está em Roma ou Condesa. Polanco também tem boas opções, mas está mais longe do centro.
O Zócalo, aliás, é cheio de alternativas econômicas de hospedagem, mas a área fica deserta à noite, quando quase todas as lojas fecham.

Ficar perto de uma estação de metrô ou uma parada do Metrobus é prático para passear aos finais de semana, quando os vagões ficam menos cheios. A passagem custa cerca de R$ 1. Fora dos horários de pico (entre 7h e 10h e 17h e 20h) pode ser uma boa trafegar de Uber: os táxis são mais caros e têm péssima reputação entre turistas.

Outra tarefa que exige certo esforço é encontrar a melhor taxa de câmbio. Há operadoras no aeroporto com cotações melhores que os postos do Zócalo. O preço mais vantajoso, no entanto, costuma estar em bancos como o CI, com unidades no centro.

Vestígios da cultura asteca em Teotihuacan valem um bate-volta

Visitar a cidade de Teotihuacan é o melhor jeito de relembrar aqueles ensinamentos sobre a cultura asteca dos tempos de colégio. 

Ali é possível ver ao vivo as construções de base piramidal feitas entre o ano 250 e 100 a.C. para homenagear os deuses que, segundo a cultura asteca, controlavam desde os fenômenos climáticos até os sentimentos humanos. 

O monumento mais impressionante da cidade, que chegou a ter 125 mil habitantes, é a pirâmide do Sol.
A construção tem 65 metros de altura e pode ser escalada com escadas adaptadas.

Mas as melhores vistas estão na pirâmide da Lua, que tem 45 metros de altura e escadas só até a metade. Localizada em frente à calçada dos Mortos, oferece um panorama do sítio arqueológico. 

O jeito mais econômico de chegar até as ruínas é pegar um ônibus de linha da eAutobuses Teotihuacan, na rodoviária Terminal Norte. A passagem de ida e volta custa 104 pesos (R$ 20) e há saídas a cada meia hora. 

O ponto final do ônibus fica a 2 km das pirâmides, em frente a um dos portões do parque. A entrada no sítio custa 70 pesos (R$ 14). Dentro dele há vendedores de suvenir, mas nenhuma lanchonete –é bom levar água, não há sombra na maior parte do parque. 

A viagem por conta própria sai até quatro vezes mais barata que as excursões de operadoras de turismo, que cobram entre R$ 100 e R$ 150 por pessoa, com transporte e ingressos.


Pacotes

R$ 2.347 
6 noites na Cidade do México, na Submarino Viagens (submarinoviagens.com.br)
Hospedagem em quarto duplo, sem regime de alimentação e sem passeios. Inclui passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos (SP)

R$ 3.010 
7 noites na Cidade do México, na CVC (cvc.com.br)
Hospedagem em quarto duplo, sem café da manhã. Sem passeios. Inclui passagem aérea a partir de São Paulo

US$ 870 (R$ 3.271) 
7 noites na Cidade do México e outras regiões, na Pisa Trekking (pisa.tur.br)
Três noites na capital, duas em Guadalajara, uma em San Miguel de Allende e uma em Morelia. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios. Sem passagem aérea

US$ 1.067 (R$ 4.011) 
7 noites na Cidade do México e outras regiões, na Venice Turismo (veniceturismo.com.br)
Duas noites na capital, duas em San Miguel de Allende, duas em Zacatecas e uma em Morelia. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã e quatro refeições. Inclui passeios nas cidades e traslados. Sem passagem aérea

US$ 1.410 (R$ 5.301)
8 noites na Cidade do México e outras regiões, na RCA (rcaturismo.com.br)
Três noites na capital, duas em Guadalajara, uma em Queretáro, uma em San Miguel de Allende e uma em Guanajuato. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios nas cidades e seguro-viagem. Sem passagem aérea

US$ 2.759 (R$ 10,3 mil)
13 noites na Cidade do México e outras regiões, na BWT (bwtoperadora.com.br)
Quatro noites na capital, uma em San Miguel de Allende, uma em Guanajuato, uma em Zacatecas, duas em Guadalajara, uma em Morelia, uma em Taxco e duas em Acapulco. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Inclui passeios nas cidades, seguro-viagem e traslados. Com passagem aérea a partir de São Paulo

US$ 3.310 (R$ 12,4 mil)
9 noites na Cidade do México e outras regiões, na Interpoint (interpoint.com.br
Cinco noites na capital, duas em Palenque, uma em Campeche e uma em Mérida. Hospedagem em quarto duplo, com café da manhã. Sem passeios e sem passagem aérea

Fonte: Folha de S.Paulo