Todo conflito traz oportunidades, ainda mais quando é aprovado pela maioria das pessoas em solo. A realidade é bastante válida na Crimeia anexada, cinco anos após Moscou a tirar do controle ucraniano.

Em Sebastopol, uma cena que poderia ser vista no bairro paulistano de Pinheiros é cada vez mais frequente: hamburguerias e salões para o corte de barbas, não raro lado a lado.

A rede Hatchburger abriu em 2017 e já tem dois endereços na cidade.

Ali, tudo é “orgânico e oriundo de produtores locais”, o que não seria difícil dadas as sanções ocidentais a alimentos. Preços camaradas (200 rublos, ou R$ 12, por um cheeseburger fornido), cerveja, claro, artesanal.

“Para a cidade a unificação foi ótima. Quando a ponte sobre o estreito de Kerch abrir para trens de passageiros, no ano que vem, acho que isso aqui vai explodir”, afirmou Tatiana Valerionova, co-proprietária de outro estabelecimento com a marca do hipsterismo, o restaurante Riba Moia (“meu peixe”).

Ali, conta ela, além do “orgânico e oriundo de produtores locais”, há ênfase no preparo diferenciado. De fato, comer a famosa manjuba local em forma de uma marinada (vendida como ceviche, mas estamos na Crimeia) em vez de frita traz novas texturas ao prato.

Ela abriu o restaurante com o marido em 2018. Na quinta (14) ele estava vazio, mas a sazonalidade conta. “Está frio ainda, e os locais já estão pensando no feriado prolongado (segunda, 18, devido à data da unificação)”, alega.

Também pululam pelo calçadão beira-mar e por avenidas quiosques de cafés, novamente com o selo “fresco, orgânico, torrado pelo barista” à frente.

Com a ausência da competição ocidental, há algumas canibalizações de marketing: a rede Starducks imita, claro, a Starbucks americana com um logotipo ostentando um simpático pato. Por 40 rublos (R$ 2,30), serve um espresso duplo com gosto de café –a torra é de grãos colombianos, diz o pacote.

Fonte: Folha de S.Paulo