Agora que o Dia do Namorados já passou, podemos voltar à bruteza rústica habitual.

Em meus poucos dias de carioca por opção, já pude perceber um padrão nos botecos podreira e outros estabelecimentos dedicados à alimentação popular: o prato-feito tem arroz, feijão e macarrão. Os três juntos e shallow now.

É algo que não se vê muito em São Paulo, pelo menos não nos bairros de classe média alta. Aqui, o trio arroz, feijão e macarrão domina as bocadas de Ipanema e do Leblon.

No restante do Brasil, de Minas Geral para o norte, a trinca também parece ser comum. Vejo nos posts de Instagram do Nenel Neto, de Belo Horizonte (o perfil @baixagastronomia), refeições fartas de carne com arroz, feijão e espaguete à bolonhesa.sw

A versão carioca, assim como a nordestina, dispensa o molho do macarrão. Lembro quando fui de ônibus de São Paulo a Fortaleza: a comida oferecida na estrada tinha sempre arroz, feijão sem caldo, massa sem molho e farinha de mandioca. Eu e meus colegas universitários grunhíamos de horror diante daquele repasto árido feito o sertão na seca.

Mas será que a combinação é um crime tão hediondo para a gastronomia? A dupla feijão-macarrão é aceita internacionalmente, mas a presença do arroz embola o meio-de-campo.

O argumento da redundância de carboidratos não deve ser considerado. Se ele fosse válido, também rejeitaríamos a farofa e a batata frita nos pratos com arroz e feijão.

Decerto os PFs que eu encontro em Ipanema são ruinzinhos (não os provei ainda), como era terrível a maratona de comida seca na minha expedição ao Nordeste.

No entanto, a tríade arroz-feijão-macarrão sofre tanto preconceito (comida de pobre!) que nenhum cozinheiro talentoso se debruçou sobre ela, numa tentativa de fazer um prato decente com os três elementos.

E você? Acha legal comer arroz e feijão com macarrão? Ou nem amarrado?

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Fonte: Folha de S.Paulo