Cansada de ver fotos dos mesmos lugares, com os mesmos filtros e poses, no Instagram, a fotógrafa e cinegrafista americana Emma Sheffer, 27, criou um perfil na rede social para compartilhar esses clichês virtuais, o Insta_Repeat.


Usuária do aplicativo há pelo menos oito anos, ela conta que começou a ficar mais atenta aos padrões, principalmente, das contas de influenciadores digitais quando se mudou para o Alasca (EUA), em 2014.


“A minha impressão era que todos que passavam pelo estado repetiam mesmo o roteiro e faziam as mesmas fotos, mas sei que é um lugar gigantesco e rico em diversidade”, explica.


O estopim foi em junho do ano passado, quando três fotos “idênticas” —de pessoas posando em canoas— passaram em seguida pela sua linha do tempo.


De lá para cá, ela acumulou 272 mil seguidores e alguns inimigos. Sheffer começou o perfil anonimamente, mas foi descoberta por um fotógrafo que não ficou feliz com a brincadeira.


Entre as tendências, segundo a fotógrafa, estão imagens de uma caverna na Islândia, de copas de árvores alaranjadas, durante o outono, registradas com drones ou de casinhas vermelhas de madeira em meio ao nada.


O método de coleta das fotos é simples: seguidora de contas de fotógrafos e viajantes, Sheffer salva todas as as postagens de aparência “genérica”, como define, e, depois, faz montagens com elas no próprio celular —são ao menos 12 imagens em cada uma delas.


Ela marca os donos das postagens originais. Alguns, contrários à prática, bloqueiam a conta. Nos comentários, os seguidores se dividem: há quem diga que encontra ali bons fotógrafos para acompanhar e outros debocham da falta de criatividade.


Sheffer diz que a página não surgiu com o objetivo de expor ou denunciar os fotógrafos. Ela mesma admite já ter reproduzido alguns dos clichês. 


“Tento ser objetiva. Tudo que está ali é resultado da minha observação da rede. As contas promovem uma homogeneização muito sutil”, afirma.


Fonte: Folha de S.Paulo