Algumas comidas fazem enorme sucesso no bandejão da firma ou no boteco em que o povo do escritório vai beber depois do expediente. “Opa, hoje é dia de estrogonofe no quilão!”, exclama Carlos, do jurídico.

Muitos desses pratos não justificam a boa fama. São supervalorizados ou, em português da Faria Lima, “overrated”. Menas, minha gente!

 

 

Bife à parmegiana

Muita coisa pode sair errada num bife à parmegiana. Fora isso, ele é um prato conceitualmente complicado.

Vejamos: você pega um bife à milanesa, que é gostoso por causa da casquinha crocante. Aí mergulha o trem numa piscina de molho de tomate. A casquinha vira uma maçaroca molenga, na esmagadora maioria dos casos.

São poucos os restaurantes realmente bons que se metem a fazer o bife à parmegiana. Num restaurante meia-boca, os ingredientes são meia-boca e a execução, idem.

A carne pode estar cheia de gordura e tendões escondidos pela casca da milanesa. A fritura pode ser encharcada. O molho e o queijo, quando ruins, estragam o conjunto em vez de incrementá-lo.

Há quem tente releituras gourmetizadas da parmegiana, com parcimônia no molho e no queijo. Mas aí não é a parmegiana ogra, banhada em tomate e com fios de queijo derretido, que a galera adora. Inclusive eu.

Estrogonofe

O stroganov russo leva páprica e creme de leite fresco. O estrogonofe brasuca tem ketchup e mostarda amarela. Não dá para levar a sério um prato com condimentos de hot-dog na receita.

Pastel de feira

Já falei disso e apanhei um bocado, mas preciso repetir. O pastel de feira é ok, mas não é nada de outro mundo. É grande demais e tem pouco recheio para muta massa. Mil vezes os pasteizinhos de boteco.

Nutella

O creme de avelã com chocolate tem 91% de sua fórmula compostos por açúcares e gorduras. Nem precisa abrir o pote para perceber que é tranqueira.

Paçoquinha

É muito, muito doce. É meio salgadinha. É, principalmente, seca demais. Como alguém consegue comer um negócio desses sem um galão de água ao lado?

Costela de boi

Beleza, a costela de boi é gostosa. Mas não é para tanto. Hambúrguer de costela, ragu de costela, coxinha de costela, caldo Maggi de costela… existem outras carnes, pessoal. A costela no bafo, em particular, é um mistério para mim: falta tempero, falta um molho gostoso, sobra gordura, sobra um monte de fibra comprida para ficar presa entre os dentes.

Costelinha ao barbecue

Molho barbecue é algo que pode ser bom, mas raramente é. A tal costelinha de porco vem besuntada com um condimento industrial semelhante ao ketchup, só que mais doce. Enjoativo até arrepiar os pelos da nuca. Prefiro o tempero mineiro.

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Fonte: Folha de S.Paulo