O chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz, anunciou neste sábado (18) que decidiu dissolver sua coalizão de governo e pediu que sejam realizadas eleições antecipadas no país, após um escândalo ter levado à renúncia de seu vice, Heinz-Christian Strache, horas antes.

Em pronunciamento na televisão, Kurz disse que pediu ao presidente austríaco, Alexander Van de Bellen, para que definisse uma data para as novas eleições “o mais cedo possível”.

Strache, líder do ultradireitista Partido da Liberdade (FPÖ), renunciou hoje ao cargo depois de a imprensa alemã ter revelado um vídeo em que ele aparece oferecendo futuros contratos governamentais a uma suposta magnata russa, em troca de apoio ao seu partido nas últimas eleições parlamentares, em 2017.

O político reconheceu que a gravação, feita em julho de 2017 com uma câmera escondida na ilha espanhola de Ibiza, é “catastrófico”, mas negou ter infringido a lei.

Kurz – um conservador cujo Partido Popular Austríaco (ÖVP) formou uma coalizão de governo com o FPÖ há um ano e meio – afirmou que o escândalo envolvendo Strache foi a gota d’água no relacionamento entre os dois partidos.

“Após o vídeo de ontem, preciso dizer honestamente que basta”, declarou o chanceler federal, listando uma série de outros escândalos menores que provocaram tensões entre as legendas desde o início da coalizão, no final de 2017.

Ao longo dos meses, vieram à tona incidentes quase semanais, geralmente relacionados com declarações antissemitas ou relações com grupos neonazistas.

A polêmica mais recente ocorreu no final de abril, quando um político do FPÖ escreveu um poema discriminatório, em que comparou imigrantes a ratos. O texto, publicado num folheto da legenda, provocou críticas generalizadas e deixou irritado o chanceler.

O poema intitulado “O rato urbano” foi impresso numa publicação local do partido nacionalista em Braunau am Inn, cidade localizada na fronteira com a Alemanha e famosa por ser o local de nascimento de Adolf Hitler. O texto escrito pelo vice-prefeito de Braunau am Inn, Christian Schilcher, advertia contra imigrantes e a mistura de culturas.

Fonte: Agência Brasil