O setor de construção civil vai bater recorde de produção em 2019 nos Estados Unidos, segundo projeções de indicadores econômicos. Um sinal é a taxa histórica de desemprego em 3,6% que supera o menor nível registrado em 50 anos.

Considerado um estado que está sempre expandindo nessa área e busca por mão de obra qualificada, a Flórida adicionou 28.000 empregos em construção entre maio de 2018 e maio de 2019 – terceiro estado com mais oportunidades de trabalho neste setor, atrás do Texas (35.200) e Califórnia (32.200), segundo análise da Association General Contractor (AGC) do Departamento do Trabalho.

Com um crescimento anual de emprego de 2,45% e o 10° estado no ranking de economia, no quesito força de trabalho, a Flórida ficou classificada no 15° lugar entre todos os estados, indica a pesquisa de “Melhores Estados da América para os negócios 2019 da CNBC”, que usou dados do programa Estatísticas de Emprego Ocupacional do Bureau of Labor Statistics.

Brasileiros comemoram melhora do mercado de emprego na Flórida

Falta mão de obra qualificada

Mas, mesmo com empregadores contratando em um ritmo crescente, encontrar trabalhadores qualificados é o maior desafio. Por outro lado, significa oportunidade para quem busca.

“A demanda por construção continua forte e os empreiteiros aumentaram sua força de trabalho na maioria dos estados no ano passado, mas o número recorde de vagas no final de abril implica que os empreiteiros acrescentariam ainda mais trabalhadores se pudessem”, disse o economista-chefe Ken Simonson ao site especializado Eletrical Construction & Maintenance Magazine. “Com a taxa de desemprego perto do menor índice em 50 anos, é mais difícil do que nunca para os empreiteiros contratar e reter funcionários qualificados”, acrescenta.

Assim, os dados sobre novos empregos na construção ressaltam a necessidade de novos investimentos federais em programas de carreira e educação técnica, bem como na reforma da imigração, tendo em vista que a maior parte da mão de obra em construção civil nos EUA é imigrante.

Desemprego nos EUA cai e tem menor taxa em quase 50 anos

De acordo com dados do Ministério do Trabalho dos EUA, o porcentual de imigrantes trabalhando no país é de 17,1%, ou seja, mais de 27 milhões de pessoas, com a construção civil sendo um setor com alta de demanda de mão-de-obra.

Com uma empresa de construção e reforma de imóveis há 26 anos em Pompano Beach e com mais 6 anos de experiência anterior com construção na área de Boston (MA), o empreiteiro Vinicius dos Santos entende que a construção civil é um bom mercado, mas que realmente falta mão de obra qualificada e reclama da competição com empresas nem sempre regularizadas.

Dono da Viga Carpentry Inc., atualmente com quatro funcionários fixos, Santos diz que sempre que precisa, contrata por fora para “empreitada”. De construção de casas de alto padrão a reforma, “qualquer coisa relacionada a construção”, diz ele, é assim que o mercado funciona.

Perfil dos trabalhadores

“Todos imigrantes”, destaca Santos. Em qualquer obra, seja estadual, municipal ou nacional, a maioria dos trabalhadores é mão de obra imigrante. Em cargos de supervisor e gerente tem americanos, mas a parte de pegar no pesado, como ajudante de pedreiro, é ocupada por imigrante”, explica.

Para Santos, a mão de obra qualificada é escassa não só na Flórida, mas também em outros estados. “De 100 imigrantes que chegam, somente dois realmente já trabalharam com construção civil, os outros aceitam o serviço, mas precisam ainda aprender. Muitos desanimam logo depois porque pegam serviço por empreitada e não estão acostumados com serviço pesado e partem para outro tipo”, aponta.

Competir no preço

2º melhor estado para os negócios, o mercado da Flórida vai além de ilusão

Um outro ponto que Santos aborda é a competição pelo preço no mercado, que anda cada vez mais acirrada e difícil por causa de empresas e trabalhadores que não possuem licenças e agem de forma irregular, cobrando preço mais baixo que o normal.

“É difícil até para pegar uma obra muito grande, por exemplo, porque os bons profissionais disponíveis são poucos. Além disso, a disputa por esse tipo de trabalho está ficando difícil porque muitos aceitam fazer uma construção por um preço bem abaixo do mercado porque atuam sem licença e sem seguro que são requeridos pelo estado. Fazem um bom trabalho, mas acabam prejudicando o mercado ao agir na irregularidade”, diz.

Demora na qualificação profissional

Como menos tempo no mercado, mas atento aos brasileiros que aqui estão há mais de 20 anos, André Lina, dono da Atlantis, empresa de construção e reparo, em Saint Petersburg, na área de Tampa, salienta que o setor de construção está menos rentável hoje e trabalha com preços muito abaixo do que era praticado há 12 anos, por exemplo, influenciado pela crise de 2008, por uma maior fiscalização e exigência de seguros e licenças de empreiteiras.

“De acordo com profissionais que vivem aqui há 12, 15, 20 anos, a construção era muito rentável até antes da grande recessão que ocorreu em 2007/2008. Além disso, os seguros são primordiais para estar no mercado atualmente, coisa que antigamente nem sempre os ‘subcontractors’ tinham. Pagar taxas faz parte do pacote quando se quer ter uma companhia rodando. Também, a mão de obra está bem mais cara quando se comparada há 12 anos, tendo em vista o aumento do custo de vida em todas as áreas”.

Para ele, a qualificação da mão de obra hoje demora muito mais tempo do que antigamente tendo em vista as mudanças que acontecem no modo de trabalho na área e a diferença com o modo de se trabalhar no Brasil, por exemplo.

“Seja o “helper” (no Brasil, conhecido como ajudante de pedreiro), que na grande maioria das vezes chega aqui sem qualquer noção de construção, ou até mesmo aquele que tem uma razoável/boa/ótima noção no seu país de origem, porém, em ambos os casos deverão trabalhar de acordo com as normas e padrões daqui. Ou seja, se qualificarão aqui de uma forma ou de outra. Não estou generalizando, porém falta de interesse e alguns outros fatores atrapalham para o desenvolvimento de um profissional de verdade”, finaliza.

O post Flórida se posiciona entre os melhores estados para vagas em construção civil apareceu primeiro em .

Fonte: Gazeta News