Foto9 Aeroporto Estudo: Maior parte dos indocumentados entrou nos EUA por aeroportosOs aeroportos continuam a ser a porta de entrada principal dos residentes indocumentados nos EUA

O índice dos imigrantes que extrapolam o visto é muito superior às entradas clandestinas através da fronteira com o México

Enquanto a administração Trump exige verba para a construção de um muro ao longo de toda a fronteira entre os EUA e o México, com o objetivo de impedir a imigração clandestina, um estudo recente revelou uma realidade diferente. A pesquisa indicou que, pelo 7º ano consecutivo, o índice de imigrantes que permanecem no país depois do vencimento do prazo de permanência do visto excede muito as entradas clandestinas através da fronteira ao sul.

O estudo divulgado, na quarta-feira (16), pelo Centro de Estudos Migratórios de Nova York (CMS) descobriu que, entre 2016 e 2017, as pessoas que ignoraram o prazo de permanência do visto totalizaram 62% dos novos indocumentados, em contraste com 38% daqueles que cruzam clandestinamente a fronteira.

“Isso é claro com o nosso estudo que as pessoas que ignoram o prazo de permanência do vistos somam mais à população indocumentada nos EUA num índice mais alto que as travessias clandestinas pela fronteira. Isso não é uma impressão, mas uma tendência que já se transformou em norma”, relatou Donald Kerwin, diretor executivo do CMS. “Como esses números indicam, a construção de centenas de milhas a mais de um muro na fronteira não resolveria o desafio da imigração clandestina em nosso país; longe disso”.

A pesquisa também revelou que a população indocumentada natural do México caiu quase 400 mil pessoas em 2017 e desde 2010 o número de indocumentados mexicanos caiu em 1.3 milhão.

“Nós conquistamos um progresso tremendo desde 2000 na redução da imigração indocumentada nesse país”, diz o autor do estudo, Robert Warren, ao site NPR.

Ele foi o diretor de estatísticas do antigo Serviço de Imigração & Naturalização (INS) entre 1986 e 1995. Warren acrescentou que as administrações Bush e Obama praticamente dobraram o tamanho da Patrulha da Fronteira (CBP) e, consequentemente, o país sentiu os resultados disso. “Numa outra era, nós estaríamos celebrando esse sucesso”, comentou.

O estudo também revelou que em 2017, pela primeira vez, a população indocumentada natural do México constitui menos da metade de todas as pessoas indocumentadas que vivem nos EUA. Ao mesmo tempo, o México é o país líder entre aqueles que ultrapassaram a permanência dos vistos em 2016, “cerca de o dobro dos números da Índia, China e Venezuela”. O número de indocumentados naturais da Venezuela, que enfrenta uma profunda crise econômica e política, aumentou de 60 mil em 2013 para 145 mil em 2017. Praticamente, todas essas pessoas entraram nos EUA com vistos e extrapolaram a permanência.

“Uma vez que mais da metade dos residentes indocumentados chega pelo ar, os postos que emitem vistos se tornaram a linha de frente real para deter a imigração clandestina”, concluiu o estudo. “Esse relatório sugere que mais atenção e recursos deveriam ser destinados à essa missão fundamental exercida pelo Departamento de Estado”.

Fonte: Brazilian Voice