SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a reforma trabalhista nesta quinta-feira (12), afirmando que seus autores têm uma “mentalidade escravocrata”.

“A mentalidade de quem fez a reforma trabalhista, a reforma sindical, é a mentalidade escravocrata, de quem acha que sindicato não tem que ter força, não tem representatividade. No mundo desenvolvido em que você tem economia forte, você tem sindicato forte, em qualquer país do mundo. Se você tiver economia forte você tem sindicato forte”, afirmou o ex-presidente.

O petista vem criticando as mudanças na legislação trabalhista adotadas durante o governo Michel Temer (MDB), que entre outras ações acabou com o imposto sindical e criou o contrato intermitente.

A revisão da reforma é considerada um tema polêmico e que causa ruídos na pré-campanha petista. O PT propôs, e a federação partidária que formará endossou, proposta de revogação da reforma -embora o próprio Lula reconheça entraves para a iniciativa.

Em discursos, Lula tem afirmado que é preciso adaptar uma nova legislação à realidade atual, mas que “não queremos a volta ao passado”.

As declarações desta quinta foram feitas em um momento em que Lula afirmava que sindicatos participaram de rodas de negociação com empresários durante o seu governo.

O petista participou de painel que encerrou a quarta edição do SindiMais, encontro anual que reúne especialistas em relações sindicais e trabalhistas.

Em seu discurso nesta quinta, ele também repetiu que é preciso “colocar o pobre na economia” e afirmou ainda que é preciso conquistar credibilidade e previsibilidade.

“Tem duas coisas que temos que ter certeza e que vale para os dirigentes sindicais, para o presidente, para os empresários e para os trabalhadores: precisamos conquistar credibilidade, para que as pessoas acreditem naquilo que a gente fala, e precisamos ter previsibilidade. Ninguém pode ser pego de surpresa toda noite”, disse.

Lula disse também que em sua gestão criou uma comissão de negociação entre trabalhadores, empresários, centrais sindicais e o governo para “tentar estabelecer uma nova estrutura sindical e um novo mundo de direito para os trabalhadores”.

“Eu, por exemplo, não sou daqueles que defende a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] tal como ela estava. Acho que ela precisa adaptar e fazer algumas mudanças para que a gente pudesse adaptar ao atual mercado de trabalho. Mas era importante que a gente tivesse o mínimo necessário garantido para que os sindicatos, livremente, pudessem negociar o máximo” disse.

​O petista também criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de “ditador”. “Ontem [quarta] ouvi o atual presidente dizer que é importante o povo comprar arma, porque somente o povo com arma é que o povo vai evitar que tenha um governo ditador. Ele é um ditador.”

“Eu, ao invés de armas, quero que o trabalhador receba livros em sua casa, que ele possa ir à universidade () porque é qualificação profissional que valoriza salário”, seguiu Lula.

As declarações ocorrem um dia após o petista ter afirmado que não terá um teto de gatos em seu governo, caso seja eleito presidente.

“Não haverá teto de gastos no meu governo. Não que eu vá ser irresponsável, gastar para endividar o futuro da nação. Vai ter que gastar no que é necessário”, afirmou.

Durante reunião com reitores de universidades mineiras em Juiz de Fora (MG), o ex-presidente disse ser necessário investir em ativos rentáveis, sendo a educação um deles.

Ainda em Juiz de Fora, Lula afirmou que o governo Jair Bolsonaro (PL) não sabe o que faz na economia e reforçou seu discurso contra as privatizações.