Dois meses depois do fechamento sem aviso prévio das escolas Inlingua Language Center na Flórida, alunos e professores ainda aguardam pelo reembolso do dinheiro investido ou o pagamento dos salários atrasados.

Além disso,os donos da franquia respondem na justiça por falência ehá a hipótese de que alguma unidade possa ser reaberta em breve.

Desde novembro, o professor de uma unidade da rede em Orlando, Danny Singh, busca incansavelmente por respostas e acompanha o caso na justiça ainda chocado com o súbito fechamento. Ao Gazeta News, Singh declarou que tudo poderia ter sido evitado “se o escritório da empresa estivesse monitorando as atividades”.

Em conversa por e-mail com Singh, que lecionou no campus de Orlando por mais de um ano, ele diz que, em nome de seus colegas de trabalho e também de alunos das escolas Inlingua, pede explicações aos responsáveis e tenta a todo modo que seja feita justiça.

“Eu sinto que os estudantes que pagaram antecipadamente e professores e funcionários que estavam trabalhando arduamente para orientar e educar os alunos estão sendo punidos”, desabafa indignado.

Ex-professor de unidade Inlingua em Orlando, Danny Singh, busca por justiça. Foto? arquivo pessoal.

Singh está entre as dezenas de professores que ficaram sem emprego e sem o salário de pelo menos os dois últimos meses trabalhados na rede.

“Até hoje, nenhum dos estudantes foi reembolsado e nenhum dos professores foi pago. Todos os professores eram contratados independentes e por isso não recebem benefícios como seguro-desemprego. Alguns professores e alunos sustentam suas famílias. Os estudantes imigrantes adultos têm um visto de estudante e não podem trabalhar legalmente nos Estados Unidos”, reclama o professor.

No dia 5 de novembro, as unidades de Doral, Aventura, Boca Raton, Coral Gables, Fort Lauderdale, Key Biscayne, Brickell, Weston, Orlando e Tampa – foram abruptamente fechadas. O fechamento pegou alunos e professores de surpresa, tanto que, no dia anterior, havia anúncios de desconto de matrícula para novos alunos como se estivesse tudo normal.

“É preciso haver mais leis para proteger contratados independentes. É preciso haver mais restrições e leis nas escolas particulares”, completa Singh.

Unidade Orlando

Uma possível negociação de uma franquia da rede em Washington, DC, pode estar em vias de ser feita para comprar alguns dos centros Inlingua fechados na Flórida, como o de Orlando, mas nada certo ainda.

A informação foi dada por Jürg Heiniger, CEO da rede Inlingua International Ltd, que tem sede na Suíça. Mas nada está certo ainda.

Como já tinha explicado ao Gazeta News, Heiniger lamenta que, por se tratar de uma franquia, a marca não se responsabiliza diretamente pela falência do grupo na Flórida e diz que as informações que obteve é de que o processo para reembolso dos alunos e pagamento de professores e funcionários pode mesmo durar meses.

“Todas as dívidas da IF Multicultural Interactive Solutions (dona da franquia na FL) podem ser incluídas até março de 2019. Eu ficaria muito surpreso se um professor ou aluno recebesse algum dinheiro antes dessa data. Na verdade, esses procedimentos legais geralmente demoram mais”, escreveu.

Para Singh a família Ortega “fará todo o possível para evitar pagar os professores e reembolsar os estudantes. Isso não é justo para os professores e alunos”, aponta.

No intuito de ajudar alunos e também colegas de trabalho, Singh avisa que, para tentar obter um reembolso, alunos e professores devem enviar pelo correio um formulário de reclamação ao Sr. Leslie Osborne (advogado de falência da Inlingua). “Se não tiver recebido o formulário, envie um e-mail para [email protected] para obtê-lo”, explica.

Processo de falência

De acordo com documentos do tribunal de falências dos EUA, a família Ortega, de origem equatoriana e dona da franquia, tem um legado de problemas financeiros e em novembro, os donos abriram um processo de falência, o que ocasionou o fechamento das unidades.

A proprietária das escolas franqueadas da Flórida, Maria Cristina Ortega De Marcos, é ré na Justiça do Condado de Broward para o caso do pedido de falência. Em audiência ocorrida na segunda-feira, 7 de janeiro, a advogada Corali Lopez-Castro disse ao professor Danny que os réus não apresentaram defesa, que cada lado enviará propostas ao tribunal em 18 de janeiro e elas farão parte do registro público.

“Eles não chamaram testemunhas e não apresentaram provas em evidência”. E completou ainda que o tribunal irá rever cada submissão e, posteriormente, tomar sua decisão. Mas, segundo a advogada, não se sabe quanto tempo isso vai levar.

“Infelizmente nem ‘cheiro’ de reembolso, apenas o calote. Não consigo compreender como a marca Inlingua não pode ser responsabilizada”, diz outro brasileiro afetado, o curitibano D. P., que teve o visto negado dias depois do fechamento das escolas na Flórida.

“Mesmo se reabrir alguma unidade, será difícil recuperar a credibilidade da marca para retorno de alunos e professores”, finaliza o professor.

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Fonte: Gazeta News