Imagina-se a figura do líder como alguém que está no topo de uma hierarquia imaginária ou real. Os funcionários ou seguidores vem atrás. De uma certa forma, continua assim porque o líder é também, ou deveria ser, um pioneiro, alguém que abre caminhos para os outros. Mas na liderança tradicional, o líder se assegura seu lugar e não o divide com ninguém. A liderança do topo é definitiva e egoísta. Abaixo dele estão as diversas camadas ordenadas com base ao nível de importância de cada uma, das mais altas às mais baixas, o que muda é a quantidade de poder que têm à disposição. E com o poder ver a responsabilidade. Sem essa base, a liderança desmorona, da mesma forma que uma pirâmide desaba se tirarmos a base larga e volumosa que sustenta seu ápice.

Nesse estilo de liderança, o poder se assenta sobre o medo. O grande risco do líder é o de se tornar uma pessoa egoísta e egocêntrica, deslizando facilmente no abuso de poder. Sendo ele uma referência para os demais, vira um modelo de comportamento. Os líderes menores nas diversas escalas repetem o mesmo padrão e assim vai, numa cadeia que termina em casa com esposa e filhos…

Na era da internet, de mercados globais e de mudanças demográficas, algo está mudando, inevitavelmente. Um novo modelo de liderança lentamente emerge. Nele, as mulheres, ou melhor, o feminino, tem um papel decisivo. Por conta das características que a vida incentivou, o feminino, expresso particularmente nas mulheres (mas não necessariamente em todas, pois há muitas masculinizadas repetindo padrões anti-femininos de ser), foca sua atenção em valores diferentes dos do ego. A autenticidade é um deles. Autêntico é, conforme a etimologia do grego antigo diz, um “autor que opera por si próprio”, ou seja, alguém que age (é) em concordância com sua verdade e não com padrões externos, códigos, normas, conveniências. Autêntico é o contrário de falso. Para ser autênticos o temor de represálias, de perda, de exclusão fica na surdina enquanto a verdade interior tem a primazia.

Afinando-se à valorização da autenticidade, o centro substitui o topo. Mais importante do que estar acima (dos outros) é estar no centro. O centro não quer dizer “no meio”, na multidão”. Centro remete ao agregar, ao congregar. O centro unifica e unifica dentro de uma ordem. Um centro tem um núcleo e tem uma periferia. Tem uma lógica na qual prevalece a ideia de conexão, não mais de hierarquia. Enquanto do topo se manda, do centro se influencia.

As atitudes necessárias para o modelo de liderança que parte do centro são: intuição, colaboração e coerência (fazer o que se prega). No centro, o líder está sujeito a ser visto e criticado, mais do que o chefe sentado lá no alto do seu trono, portanto o líder da nova era é coerente com seus valores, tem autoconhecimento para compreender-se e não se iludir e inflacionar seu ego. Sabe de suas necessidades e limites, o que o ajuda a compreender aqueles com quem trabalha. Conhecendo-se, o líder sabe discriminar melhor seus colaboradores, quem são, do que precisam, quais seus problemas e quais as melhores funções que podem exercer. Essa habilidade em se adaptar às realidades individuais torna esse modelo feminino de liderança uma carta vencedora no novo cenário onde encontramos sempre mais pessoas querem se destacar e ser alguém. A liderança pelo centro permite holofotes em cada um, conforme suas funções. Ser líder é uma delas.

Outras características proeminentes desse modelo são a arte da comunicação, aquela da construção de relações significativas e a inteligência emocional. Pela comunicação, relações podem ser criadas e aprimoradas, permitindo a melhora da estrutura organizacional e maior eficiência nos resultados. Relações significativas são aquelas nas quais há sinceridade e não a máscara do formalismo (que facilmente vira hipocrisia). São também aquelas nas quais as pessoas se expõem como indivíduos ao mesmo tempo em que acolhem o outro como diferente de si. Em relacionamentos significativos há escuta verdadeira expressão genuína. A inteligência emocional é uma habilidade a ser desenvolvida e assimilada à inteligência tradicional (que é a cognitiva). Não só de lógica (e números) vive uma empresa. Ela é feita por pessoas. E sabemos que quanto mais satisfeitas essas pessoas forem no realizar suas tarefas, melhor será o resultado, mais produtiva será a empresa, encontraremos menos absenteísmo, menos sabotagem, menos doenças e menos conflitos. E, quem sabe, o lucro será mensurado também em humanização e bem-estar individual e coletivo.

 

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Fonte: Gazeta News