COLABORAÇÃO de Paula Santa Maria

Em seus mais de 20 anos de história, o AcheiUSA sempre teve como uma de suas marcas registradas a valorização à cultura brasileira e aos artistas locais. O maior exemplo disso é o apoio incondicional a eventos culturais e a divulgação de iniciativas ligadas às mais variadas formas de arte – em nossas páginas, site, web rádio e mídias sociais. Como parte desta identidade, estamos reativando a coluna ‘Artista da Comunidade’, em que destacamos o trabalho de cantores, escritores, artistas plásticos e profissionais envolvidos com a produção artística, esse poderoso instrumento de preservação da nossa cultura.

E ninguém melhor para marcar esta retomada do que o casal Rose Max & Ramatis. Parceiros na vida e na música, os dois trocaram o Rio de Janeiro pela América no início da década de 90 e, desde então, são sinônimo do gênero musical brasileiro mais conhecido no exterior: a MPB, com toques de bossa nova e jazz. E nestes últimos 13 meses em que o mundo foi impactado pela COVID, eles souberam se reinventar.

Na contramão da maioria dos colegas que vivem de música, a pandemia foi uma experiência enriquecedora para a dupla brasileira Rose Max & Ramatis, radicada em Miami e que faz sucesso há décadas com seu Brazilian Jazz, uma mistura de bossa-nova e samba. Apesar da tristeza do momento, eles aproveitaram para fazer uma viagem introspectiva, aprender, estudar, criar. E na tentativa de fazer do limão uma limonada conheceram uma nova ferramenta: as lives.

Em março do ano passado, todos os trabalhos de atividades presenciais foram interrompidos. Shows e viagens, cancelados. “O que fazer em casa eu, Ramatis e nossa gafilha?”, pergunta Rose Max, fazendo um trocadilho com o nome de sua gata, Tesla Zoroastra Regina Denise Indi Max e Moraes, de 6 anos. E continua: “Gostamos de nos apresentar, de ter contato com pessoas, de receber aplausos. A arte como um todo causa epifania (do grego: revelação, aparição, manifestação). É uma troca de experiência e energia”.

O casal, durante uma das lives (Foto: reprodução do Facebook)
O casal, durante uma das lives (Foto: reprodução do Facebook)

Com todo o trabalho suspenso, ainda naquele março o casal resolveu adaptar um pequeno estúdio em casa – e aí começaram as lives. O retorno foi imediato. As pessoas compareceram em peso. Fãs, colegas de profissão, amigos, desconhecidos. “Começamos a perceber que as pessoas queriam mais que um show; elas queriam participar, conversar conosco”, conta Rose. O sucesso foi tanto que as lives passaram a ser três dias na semana, às quartas, sextas-feiras e domingos, de 6pm às 7pm, na página do Facebook (Rose Max & Ramatis Moraes).

Não havia patrocínio nem doações, era tudo feito pelo prazer de se apresentar. Pouco a pouco o público, por iniciativa própria, começou a se movimentar de forma espontânea no sentido de oferecer doações ao casal. “Durante seis meses pagamos nossas contas somente com as doações do nosso público, gente fiel, que nos segue sempre. Foi um movimento bonito. E acabamos conquistando seguidores novos nos quatro cantos do mundo, como no Japão, Indonésia, Filipinas, Austrália, Europa em geral e no México, onde mais nos assistem. Além, claro, dos americanos e brasileiros”, lembra Ramatis.

As lives projetaram a dupla para o mundo. E passaram a se chamar “Live Love”, como explica Rose: “Somos uma egrégora (do grego: força espiritual que resulta da soma das energias mentais e emocionais de duas ou mais pessoas) de amor e música”. Alguns fãs dizem que o duo salvou suas vidas na pandemia e para demonstrar enviam vídeos nos quais dançam, cantam, alguns os acompanham tocando em casa, e outros enviam até presentes. “A importância maior foi provarmos que a arte é fundamental, importantíssima, que pode até curar. Sim a música pode curar”, garante a cantora.

A ‘gafilha’ Tesla Zoroastra, no estúdio que a dupla tem em casa
A ‘gafilha’ Tesla Zoroastra, no estúdio que a dupla tem em casa

“A música é a nossa vida. Sempre tivemos essa responsabilidade e a consciência cresceu mais ainda. As lives uniram fãs, colegas, amigos e desconhecidos. Mexicano ficou amigo de filipino. Resolvemos então fazer um formato estilo rádio do interior, a ‘Rádio Cafofo’, na qual divulgamos aniversários, apresentamos curiosidades, contamos casos. A proposta é entreter com amor, humor e música”, sentencia Ramatis.

Em janeiro deste ano eles começaram a fazer shows presenciais. No próximo sábado, dia 17 de abril, se apresentarão com banda e o grupo de Paulo Gualano, a partir de 8pm, no Pompano Beach Arts. O evento é apresentado pelo portorriquenho Nestor Torres, vencedor de vários Grammys. As lives continuam no Facebook, às quartas-feiras, de 7pm às 8pm.

Rose acredita que a partir de agora a vida no mundo dos shows será diferente, com público presencial e online: “Será híbrido. Ainda faltarão os aplausos, mas a audiência será então o novo aplauso. E arte mais uma vez vencerá”.

SERVIÇO:
Pompano Beach Arts
Data: 17 de abril (sábado)
Local: Pompano Beach Cultural Center
Endereço: 50 W Atlantic Boulevard – Pompano Beach, FL – 33060
Horário: 8pm-9:30pm
Preço: $15

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