By Alessandro Lima (Correspondente SC)

A vivência dos impactos da pandemia estabelecida pelo corona vírus remete a uma música lançada em 1977 pelo cantor e compositor Raul Seixas, cujo título é “O dia em que a terra parou”.

A licença poética do artista apresenta, “…que todas as pessoas do planeta inteiro resolveram que ninguém ia sair de casa. Como que se fosse combinado, em todo o planeta. Naquele dia ninguém saiu de casa. Ninguém”. Hoje é divulgada nas redes sociais como uma premunição, já que o conhecido maluco beleza conclui a letra dizendo, “Essa noite, eu tive um sonho de sonhador maluco que sou, acordei”.

Para a população mundial, 2020 em nada se pareceu com um sonho, muito pelo contrário, o que foi iniciado em março desse ano e segue ocorrendo é comumente comparado a um pesadelo, considerando o alto risco de contaminação e o perigo de morte.

Essa realidade de paralisação mundial, assim como relata a música, atingiu todos os setores de emprego e trabalho, as donas de casa, o padeiro, o guarda, os fiéis de todas as denominações religiosas e igrejas, os professores e alunos. O autor nesse ponto diz que, “…o aluno não saiu para estudar pois sabia o professor também não tava lá. E o professor não saiu para lecionar pois sabia que não tinha mais nada para ensinar”. O que de fato ocorreu em um primeiro momento, onde todos se recolheram em seus lares atendendo as recomendações sanitárias, sem um entendimento claro dos acontecimentos, mas  buscando uma melhor forma de agir diante a necessidade de isolamento social.

Nesse cenário, a sociedade foi se auto regulando e com o apoio das ferramentas digitais, alternativas foram estabelecidas para que as relações sociais seguissem ocorrendo a distância. O que possibilitou o restabelecimento de atividades profissionais, religiosas e educacionais.

Após alguns meses vivenciando essa situação de aproximação virtual com  o distanciamento físico,  todos os setores da sociedade passam a demandar adaptação e aprendizado. Conceitos comuns e inerentes a área educacional, devido sua associação aos processos de ensino e aprendizagem.

No entanto, assim como todos outros segmentos, a educação vem sendo reestruturada para atender as necessidades de alunos e professores. Dentre as alternativas experimentadas, algumas instituições transferiram o modelo de funcionamento da sala de aula convencional para salas virtuais estabelecidas na internet, com o professor exercendo o papel principal apresentando de forma expositiva conteúdo para alunos que atuam como coadjuvantes.

Padrão que estimula especialistas a refletirem quanto a adequação dos processos educacionais as demandas da sociedade 5.0, onde as tecnologias como big data, inteligência artificial e internet das coisas são usadas para criar soluções com foco nas necessidades humanas. Ou seja, nesse ponto o corona vírus traz uma contribuição para o futuro da educação, observando que antes de desempenhar o papel de professor ou de aluno existem pessoas com necessidades a serem atendidas.

Somado a isso, a sociedade dispõe de amplos recursos tecnológicos que ofertam de forma dinâmica conteúdo relevante que são ofertados em tempo real para quem tiver interesse em acessar e desenvolver conhecimento a partir deles.

Assim sendo, a sociedade 5.0 estabelece condições reais para que tanto aluno como professor possam protagonizar o processo de ensino e aprendizagem, dentro de relações equilibradas com o desenvolvimento do conhecimento de forma coletiva, independente do papel que esteja sendo exercido.

Essa realidade que é impulsionada pela pandemia, demonstra que Raulzito seguiu a tendência das ditas premonições comumente imprecisas e algumas vezes equivocadas, já que o professor é consciente do muito que têm para ensinar e aprender. Principalmente nesse futuro que vem sendo estabelecido, onde a educação mediada por tecnologias abre espaço para a valorização dos sentimentos e necessidades humanas.

 

Fonte: Brazilian Press