Por Alessandro Lima (Correspondente-SC)
Aquele que pretende estabelecer relações com predomínio da comunicação com empatia, tende a desenvolver ações fundamentadas em valores comuns à dignidade, aspirações e capacidades humanas, particularmente a racionalidade em equilíbrio com as emoções. Observo que esse é um dos pontos comuns entre as pessoas que se integram ao processo de pesquisa continuada, denominado Comunicação Não Violenta (CNV), desenvolvido pelo psicólogo Marshall Bertram Rosenberg e uma equipe internacional de colegas.
Segundo o sociólogo alemão Georg Simmel, o ódio, a inveja, as necessidades e o desejo são causas do conflito. Assim, o conflito é o resultado de dualismos divergentes que ocorrem quando a imposição de escolha entre algumas circunstâncias pode ser considerada incompatível. Ou seja, as situações de conflito são antagônicas e perturbam a ação ou a tomada de decisão por parte da pessoa ou de grupos.
No entanto, boa parte dos conflitos tem como fator inicial a forma como são apresentadas as ideias, do que propriamente as diferenças de opinião. Fundamentado nessa premissa, Marshall desenvolveu a CNV com o intuito de estimular a compaixão e a empatia, também por isso chamada de Comunicação Empática.
Nas palavras do psicólogo, “A comunicação não violenta começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – se verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura dominante”. Dessa forma, em um meio onde a competitividade, a dominação e a agressividade são estimuladas, tendemos a nos comportar violentamente. Em contrapartida, declinamos a agir com generosidade em ambientes acolhedores e cooperativos.
Nesse contexto, cada indivíduo que tenha disposição a observar a sua forma de comunicação pode promover mudanças ao seu redor, em seu círculo familiar, profissional ou social, através de atos de acolhimento do outro, percebendo o que ele deseja comunicar.
A CNV faz um convite ao exercício da capacidade de se expressar sem classificações de “certo” e “errado”, incentivando o uso da comunicação efetiva, eficaz e eficiente, evitando impor ou provar pontos de vista. Dessa forma, oferece como ferramenta a escuta atenta, onde é possível ouvir a opinião do outro com o intuito de compreendê-la, sem a preocupação em contra argumentar.
Em um primeiro momento esse processo gera preocupação devido ao senso comum julgar que a empatia se estabelece ao calar diante de ofensas, agressões ou divergências. A prática demonstra que a proposta é justamente contrária, já que a CNV se baseia no diálogo honesto e transparente, transpondo a ótica unilateral de entendimento dos fatos (ex.: “Você deve estudar.”), passando a identificar necessidades e sentimentos dos envolvidos na comunicação (ex.:“Sinto-me preocupado com seu desempenho escolar, quando não o vejo estudando para prova.”) .
Marshall ressalta que ao solicitar algo sem apresentar sentimentos e necessidades, o pedido pode soar como exigência. Nesse ponto o outro vai submeter-se ou rebelar-se, gerando então o risco do conflito, caracterizado pela violência da solicitação.
Observando também que é uma ação violenta quando a solicitação ocorre seguida de crítica ou julgamento. Sendo possível ajudar os outros a confiar em que estamos fazendo um pedido, e não uma exigência, se indicarmos nosso desejo de que eles nos atendam somente se puderem fazê-lo de livre vontade.
A comunicação empática possibilita uma melhora continua de si mesmo e das relações desenvolvidas diariamente. Logo, demanda vontade e disposição para o autoconhecimento e a busca pelo entendimento e compreensão dos outros.
- Alessandro Lima
- Palestrante e Consultor de Comunicação
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Fonte: Brazilian Press