Casos de contaminação pela covid-19 estão aumentando na comunidade brasileira na Flórida. Com um aumento contínuo nos casos gerais em todo o estado, causado, em parte, por uma maior testagem da população e também pelo aumento da circulação de pessoas de volta às ruas e em locais públicos, o impacto na comunidade brasileira não poderia ser diferente.

Brasileiros que moram em diferentes regiões do estado contaram ao Gazeta News como foi ou está sendo a infecção pela Covid-19 desde os primeiros sintomas, a realização dos testes, internação e recuperação.

Doença agressiva

Sem família em Orlando, Fabiana Lunardi, 36 anos, conta que teve sintomas bem agressivos e está na fase final do tratamento aguardando para fazer o teste de anticorpos que checa se a pessoa está realmente livre do vírus para poder voltar a trabalhar.

“Tive febre, muita dor no corpo, perdi olfato, cansaço, cólica forte, falta de ar, e no 10° dia ainda ofegante e com tosse. Sempre fui muito ativa, tenho boa saúde. Agora entendo porque as pessoas morrem disso. É muito agressivo. Tenho visto muitas pessoas nas ruas sem proteção. Elas não têm ideia do perigo que estão correndo.A saúde é a coisa mais importante da vida”, relata.

Fabiana Lunardi, 36 anos, aguarda para fazer o último teste em Orlando. Foto: arquivo pessoal.

Aguardando ansiosa pelos novos exames, Lunardi está há 18 dias desde os primeiros sintomas da covid-19.

“Graças a Deus, não cheguei ao ponto de ir para o hospital. Mas foi bem traumatizante para mim pois estou sem família em Orlando e sofri muito preconceito onde moro. Fiquei muito mal pelo menos por 7 dias e os sintomas mudavam dia após dia. Nada previsível, nenhum parecer definitivo, informações divergentes, sem falar o isolamento total e óbvio, a questão financeira que também impactou muito. Garanto que é muito melhor o sacrifício em se cuidar e prevenir do que o tratamento depois que é diagnosticada”, detalha.

Como fez somente o teste padrão que detecta a presença do vírus, Lunardi, que trabalha em um restaurante em Orlando, aguarda para fazer o de anticorpos, que detecta como o organismo reagiu ao vírus.

“Agora preciso refazer o teste juntamente com o de anticorpos para poder voltar à rotina normal. Não posso ter mais nenhum sintoma para realizar esses exames e ainda pode ter algum resquício do vírus pois é muito recente. Inclusive algumas pessoas próximas estão apreensivas quanto ao meu estado. Não deixam de ter razão”, desabafa, completando que a ansiedade maior é porque mora com duas pessoas idosas que estão no grupo de risco para a doença.

Felipe Cavalcanti, o DJ Flexinha, internado no hospital em Broward. Foto: arquivo pessoal.

Amônia no pulmão

Felipe Cavalcanti, 37 anos, conhecido como DJ Flexinha, está internado no hospital em Broward desde domingo, 28, e conta que começou a se sentir mal dias antes, fez o teste, mas não tinha saído o resultado e ele foi se automedicando em casa mesmo. “No domingo, senti tonturas e vontade de vomitar. Foi quando ficou mais sério e tive que internar. Tive febre, dor de barriga e dor de cabeça que não passava. No sétimo dia que a doença piora mesmo. No hospital em 1h fizeram o teste e deram o resultado. Fiz uma bateria de exames, inclusive do pulmão e disseram que eu estava com amônia no pulmão – causada pela Covid-19. Os enfermeiros disseram que se eu não tivesse vindo rápido para o hospital e se eu fosse fumante, por exemplo, não teria resistido”, desabafa.

Com previsão de alta para esta quarta-feira, tomando antibióticos, ele disse que não precisou ser entubado e está melhorando. Os sintomas vieram depois de uma festa em que ele trabalhou como DJ. “O povo tem que se conscientizar que deve fazer o teste logo antes que se agrave o problema e fique pior, e também para não transmitir para outras pessoas. Muita gente fica doente, mas continua saindo e transmite para quem está são. Isso que as pessoas têm que entender que não é legal”, relata.

Instrumentadora cirúrgica em Orlando, Rosane O’Rourke se recupera da Covid-19.

Na linha de frente

Trabalhando no Winnie Palmer Hospital em Orlando como instrumentadora cirúrgica, Rosane O’Rourke conta que começou a sentir fortes dores de cabeça e pelo corpo há menos de uma semana. Fez o primeiro teste e não deu outra: Covid-19.

“Meus sintomas começaram no sábado passado com muita dor de cabeça. No domingo, acordei febril e tomei Tylenol. No fim da tarde começaram as dores no corpo e febre, mas a dores eram muito fortes que andavam pelo corpo. Na segunda fui trabalhar pois pensava que era stress por motivos pessoais. Fiz uma cirurgia e não aguentei mais. Falei com minha manager que me mandou para casa e entrar em contato com o Occupational health. Liguei do próprio estacionamento e ja foi tudo marcado. Fiz o primeiro teste depois do almoço. Fui para casa me deitei e a dor era muito forte. Na terça já estava melhor, na quarta já não sentia nada a não ser ter perdido o paladar e o olfato. Ontem fiz meu segundo teste e hoje meu terceiro. Tenho que ter dois negativos para voltar a trabalhar”, detalha.

Na linha de frente, ela disse que os sintomas são fortes, mas passaram rápido e já aguarda o último teste para voltar a trabalhar. Porém, toda sua família também pegou a doença. “Meu marido teve os mesmos sintomas que eu, só não perdeu o olfato e paladar. Minha filha teve febre e calafrios que duraram 1 dia e meu filho que tem asma não teve sintoma algum”, conta.

Família inteira

Com a família inteira diagnosticada com Covid-19, a brasileira Mel Pimentel, 40 anos, mora em Sarasota e conta que a doença foi diferente para cada um, com a maioria tendo sintomas leves.

“Só eu que tive mais enjoos, febre e dor. Meu marido, minha filha de 19 anos, a de 6 e a outra de 3 anos mal tiveram sintomas. Tive muito enjoo. Minha filha menor reclamou do gosto da comida uns dias antes da gente saber que estava com o vírus. Não me atentei, mas vi que foi um sinal de que ela ficou doente antes da gente. Não sei mesmo como pegamos, porque eu não tenho contato com muitas pessoas, e as pessoas que tivemos juntos nas últimas semanas, a menos que estejam omitindo, não tem ninguém positivo. Só meu marido que sai para fazer as compras”, relata.

Rodrigo Silva, 44 anos, sentiu sintomas leves que passaram bem rápido. Foto: arquivo pessoal.

Sintomas leves

Já Rodrigo Silva, 44 anos, conta que sentiu sintomas leves que passaram bem rápido e fez o teste swab para ter certeza da infecção. “Comecei a sentir mal na sexta-feira e passei o fim de semana com dor no corpo, febre, dor de garganta. Fiz o teste na segunda-feira, o resultado saiu na quarta-feira e deu positivo. Só tomei tylenol e vitamina c. Foram só dois dias de sintomas mais fortes mesmo porque na segunda-feira eu já não sentia mais nada. Vou refazer o teste pra verificar se estou livre da doença, mas sintomas mesmo não sinto desde antes do primeiro teste”, destaca.

Mais de 100 testes diários

Diariamente, Ana Paola Santos tem contato com pessoas que vão fazer testes. Ela trabalha como Physician Assistant numa rede de clínicas dos condados de Pasco e Hillsborough, região oeste da Flórida, e conhece pessoas que estão ou que já tiveram e também pessoas que perderam familiares pela doença.

“A média diária é de 120 testes por dia. Só que embora o teste seja no carro, eu faço um exame cardiorrespiratório em cada paciente. Faço avaliação na clínica e testes. Conheço um monte de gente que teve, pessoas que perderam entes queridos”, relata.

Reabertura de locais públicos e aumento de testes

A Flórida busca um reinício de sua economia com a reabertura de parques temáticos, grandes eventos esportivos e a celebração da indicação presidencial republicana em Jacksonville neste mês.

As autoridades de saúde dizem que as próximas semanas serão críticas para o sucesso ou fracasso da Flórida. O feriado de quatro de julho, a reabertura da Disney e a Convenção Nacional Republicana aparecem no calendário com a promessa de agregar multidões.

Porém, à medida que o estado entra no auge da temporada turística de verão, as maiores cidades e condados do estado estão fechando praias, obrigando o uso de máscaras e interrompendo a reabertura de negócios, esperando que as medidas retardem um ressurgimento acentuado dos casos de coronavírus.

Até esta quinta–feira, 2 de julho, o Departamento de Saúde da Flórida informava 169,106 casos desde o início da pandemia e 3,617 mortes causadas pelo vírus. Foram realizados 2,032,183 testes em todo o estado, segundo o Departamento. 

Saiba a diferença entre os testes  

Há dois tipos principais de testes para o novo coronavírus (Sars-Cov-2):

1° – Teste molecular: RT-PCR- método considerado mais eficaz para detecção da covid-19, já que rastreia o material genético do coronavírus. O teste pelo método RT-PCR consiste na coleta de amostra da secreção respiratória que permite identificar o vírus no período em que está ativo na nasofaringe. Essa amostra é colhida com uma haste flexível de algodão do fundo do nariz. E essa coleta deve ser feita entre o terceiro e sétimo dia após a pessoa apresentar sintomas. Depois desse período, a quantidade de RNA tende a diminuir. A confirmação se a pessoa está ou não com a covid-19 é feita através da detecção do RNA do Sars-Cov-2 na amostra analisada.

2° – Teste sorológico: teste rápido, mas que tem sido usado como um auxiliar para o diagnóstico do novo coronavírus. Indicado após o décimo dia de sintomas, é feito a partir de uma gota de sangue. O resultado sai em menos de 1 hora.

Os testes rápidos detectam a presença ou não de anticorpos IgM e IgG:

  • IgM reagente ou positivo: paciente está ou esteve infectado, contaminado recentemente e o corpo ainda pode estar lutando contra a infecção.
  • IgG reagente ou positivo: paciente teve infecção anterior, com pelo menos 3 semanas, e está possivelmente imunizado.

O teste sorológico está disponível também em farmácias e drogarias.

Para diagnóstico e para saber se a pessoa contaminada se livrou do vírus, o recomendado é o PCR, afirma José Eduardo Levi, virologista da USP.

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Fonte: Gazeta News