• Enquanto a Flórida é popular no tratamento aos idosos, também apresenta muitos desafios

Marta Martins

A Flórida é um destino conhecido dos idosos. Entre os fatores que tornam o estado forte em relação aos cuidados com a saúde de seus 4,2 milhões de idosos estão a disponibilidade de casas de repouso de alto padrão, baixa prevalência em obesidade e o número um em cuidados com diabetes, de acordo com o United Health Foundation. Um estudo recente da fundação divulgou que a Flórida foi de 30 para 29 no ranking dos estados mais saudáveis para idosos. O Havaí ficou em primeiro lugar.

No entanto, isso não quer dizer que seja fácil cuidar de idosos. Com pouca ajuda de familiares, quem cuida de idosos sempre acaba ficando sobrecarregado. Brasileiros vivendo na Flórida que cuidam dos pais envelhecendo precisam organizar toda uma logística que acaba bastante dificultada principalmente quando falta preparação.

Depois que seu pai faleceu, Ingrid Domingues McConville passou a cuidar de sua mãe, hoje com 91 anos, e precisou ajustar a logística de sua família. Ela se mudou para um apartamento maior em Fort Lauderdale, onde sua mãe tem uma suíte. “Minha vida mudou drasticamente”, disse Ingrid, citando que só pode sair de casa se tem alguém cuidando de sua mãe. “Nossos pais viram nossos filhos”.

“É difícil cuidar de idosos aqui nos EUA. A não ser que você tenha um bom seguro particular, cujo custo é bem alto, os idosos dependem ou do Mericare, a partir dos 65 anos, ou para quem tem um poder aquisitivo mais baixo, com uma entrada mensal de até US$2 mil, tem também o direito ao Medicaid”, resumiu. “Nesse caso, os benefícios são maiores, mas nem sempre os melhores”.

Frederico Martins com a mãe, Marta Martins, e a irmã, Milene Carvalho.

A mãe de Ingrid tem bons cuidados médicos, mas ela avalia que quando precisou recentemente levar usa mãe para um centro de reabilitação após um longo período de hospitalização, deu meia volta. “Muitas vezes esses lugares não são muito agradáveis se não foram particulares”, disse. “Eu não tive coragem de deixar minha mãe em um. Eu a levei para casa e fiz o tratamento com fisioterapeuta vindo em casa de 3 a 4 vezes por semana. Daí são gastos que temos que arcar por conta própria”.

“Se eu pudesse resumir em uma frase o que as pessoas devem fazer ao cuidar de um idoso, seria: eduque-se. Saiba sobre os planos de aposentadoria, seguro de saúde, etc. Fomos descobrir direitos que minha mãe tinha que nem sonhávamos. Além da parte médica (Medicare e Madicaid), ela tem ajuda na alimentação, por exemplo”, disse o empresário e coach Frederico Martins, de 47 anos, cuja mãe, Marta Maria Martins, de 79 anos, sofre de Alzheimer.

Marta Martins, de 79 anos, no The Volen Center, em Boca Raton.

Quando a mãe de Frederico foi diagnosticada com Alzheimer há aproximadamente sete anos, ele e suas duas irmãs descobriram um curso gratuito de 12 horas no Broward Hospital para pessoas que cuidarão de pacientes com Alzheimer.

“Parece que 80% das pessoas que lidam com Alzheimer terão problemas de depressão, pois é uma doença muito forte que afeta muito a família”, explicou Frederico. “Esse curso e estudar a doença tem nos ajudado muito”.

Logística
Marta, que está há mais de 20 anos nos Estados Unidos, vive em um apartamento em Boca Raton e tem uma pessoa que dorme com ela todas as noites durante a semana. Frederico e suas irmãs se revezam durante os fins de semana e ela passa os dias durante a semana no The Volen Center. “Foi um grande achado”, resume. “Você passa por uma entrevista e, se aprovado, paga somente US$ 50 por ano”. O local tem diversas atividades para idoso durante o dia, incluindo festas temáticas, bingo e dança.

O The Volen Center é uma instituição privada que conta com diversas doações de empresas e ajuda do governo.
“Cuidar da minha mãe está fazendo que minha esposa e eu façamos grandes mudanças na maneira que vivemos hoje, não só na parte de saúde, alimentação, como também o planejamento financeiro”, resumiu Frederico. “Nós temos duas opções: morrer cedo ou envelhecer. Por isso, é importante se preparar com planos de aposentadoria, investimentos, etc. Vemos muitas pessoas que não se preparam passando dificuldades”.

Idosos brasileiros na Flórida

De acordo com o American Community Survey, em 2017 o total de brasileiros na Flórida chegou a 109.688. Desse total, 89,2% tem 18 anos ou mais, 87% tem 21 anos ou mais, 9,9% tem 62 anos ou mais e 6,9% tem 65 anos ou mais. Esse número está abaixo dos anos anteriores. Em 2016, do total de 89.050 de brasileiros na Flórida, 11,2% tinham 62 anos ou mais e 8,1% tinham 65 anos ou mais. Em 2015, do total de 73.656 brasileiros na Flórida, 12,5% tinham 62 anos ou mais e 10,3% tinham 65 anos ou mais.

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Fonte: Gazeta News