MARCELO TOLEDO
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de Sorocaba anunciou nesta sexta-feira (3) a criação de barreiras humanitárias para impedir que usuários de drogas que viviam na capital paulista migrem para as ruas da cidade do interior paulista.

A medida foi anunciada após uma reunião extraordinária dos municípios da região metropolitana de Sorocaba. O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) afirmou no encontro que a cidade recebeu nos últimos 30 dias mais de 60 dependentes químicos que antes estavam na cracolândia em São Paulo, sendo 7 esta semana.

A cracolândia, instalada no quarteirão da rua Helvétia entre a alameda Barão de Campinas e a avenida São João, na capital, vive tumultos em sequência, como um quebra-quebra registrado nesta quinta-feira (2). Sorocaba fica a cerca de 100 quilômetros do local.

Das 27 prefeituras da região metropolitana, 16 estavam na reunião em Sorocaba que definiu medidas em conjunto para mapear a migração de usuários de drogas para a região, entre elas Mairinque, Tietê, Itu, Boituva, Salto e Tatuí. Também participaram membros do governo estadual e das polícias Civil e Militar.

“Neste último mês nós percebemos um aumento significativo do número de pessoas que vieram de São Paulo, em especial da cracolândia de São Paulo, e migraram para Sorocaba e foram de alguma forma acolhidas [por programas sociais]. Na última semana foram 7 e, no mês de maio todo, foram 60 pessoas que nós identificamos”, disse Manga em entrevista coletiva.

Sorocaba adotará “barreiras humanitárias” a partir da próxima sexta-feira (10) num projeto piloto que poderá ser expandido para a região metropolitana.

Equipes atuarão nas principais entradas da cidade e no terminal rodoviário para identificar a chegada de dependentes químicos e encaminhar, se for o caso, para serviços assistenciais e de saúde, além de averiguar se são procurados pela polícia.

“Identificadas essas pessoas que são usuárias de drogas já vai ser oferecida ajuda imediata para que essas pessoas não fiquem na rua e acabem formando outros pontos de uso de drogas na cidade ou possam migrar para nossa região metropolitana”, afirmou o prefeito.
De acordo com a Prefeitura de Sorocaba, os casos de migração de usuários da cracolândia foram descobertos em abordagens sociais do programa HumanizAção, que acolhe e oferece atendimento a pessoas em situação de rua.

As ações integradas incluem a criação de um comitê regional para definir as estratégias necessárias e a melhor forma de implementar políticas sociais conjuntas e a realização de um censo em todas as cidades da região para mapear a chegada de moradores de rua e usuários de drogas.

Manga disse ainda que há casos de cidades que não identificaram aumento da migração, enquanto outras identificaram, mas não sabem dizer se os usuários de droga são da capital, e que o censo contribuirá para esclarecer o cenário.

O grupo deve se reunir num prazo de 45 a 60 dias para avaliar o que houve de avanço no tema.