Sergio Moro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

O ministro Sérgio Moro negou nesta segunda-feira, 10, ter dado qualquer orientação às ações do Ministério Público Federal no âmbito da operação Lava Jato como mostram mensagens trocadas com integrantes da força-tarefa quando era juiz da 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba.

As supostas conversas, ocorridas pelo aplicativo Telegram, e divulgadas pelo site “Intercept” no domingo, 9, mostram que Moro teria orientado Dallagnol e cobrado novas operações em vários momentos da Lava-jato. O Ministério Público Federal no Paraná informou que a força-tarefa foi vítima de um ataque criminoso de hackers e que conversas entre procuradores foram divulgadas sem o devido contexto.

Em sua defesa, o atual ministro da Justiça disse que trechos das conversas não mostram nenhuma prática ilegal e ressaltou ter sido vítima de invasão criminosa. Moro disse que não pode assegurar que os diálogos sejam verdadeiros.

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O Intercept afirma que recebeu um lote de arquivos secretos de uma fonte anônima. Segundo o jornalista Glenn Greenwald, diretor da publicação, há áudios, vídeos e fotos que comprovam os diálogos entre Moro e Dallanglon e entre os procuradores da Lava Jato. Até agora, o site publicou apenas a transcrição das conversas.

Deltan Dallagnol e Sérgio Moro. Foto: Tomaz Silva e José Cruz/Agência Brasil.

De acordo com a gravação, Moro também teria antecipado uma decisão judicial, sugerido recursos que o Ministério Público deveria fazer e dado broncas ao procurador como se estivesse em posição hierárquica superior.

Uma das conversas mostra que os procuradores e Moro teriam impedido a realização de entrevistas com o ex-presidente Lula por temer que isso pudesse ajudar o candidato petista à Presidência, Fernando Haddad, nas eleições. Em outra conversa, a quatro dias da denúncia contra Lula no caso do triplex, Dallagnol teria manifestado dúvidas sobre as provas colhidas contra o ex-presidente.

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Moro e Dallagnol ainda trocaram mensagens sobre a divulgação, pelo então juiz federal, de conversas telefônicas interceptadas entre Lula e Dilma Rousseff (PT) quando a ex-presidente decidiu indicar o líder petista para chefiar a Casa Civil, em um dos últimos atos para tentar salvar seu governo, em março de 2016.

Em nota enviada pela assessoria, Moro afirma que o conteúdo das mensagens atribuídas a ele não mostram qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação como juiz. Ele diz que as mensagens foram retiradas de contexto. O ministro afirma ainda que a reportagem é sensacionalista e que deveria indicar a fonte que repassou as conversas.

Por fim, a força-tarefa do MPF do Paraná informou que hackers invadiram telefones e aplicativos dos procuradores usados para comunicação privada e no interesse do trabalho. Dentre as informações copiadas, possivelmente estão documentos e dados sobre estratégias e investigações em andamento e sobre rotinas pessoais.

De acordo com o jurista Wálter Maierovitch, a divulgação da troca de mensagens é grave porque mostra uma ‘promiscuidade’ no sistema jurídico brasileiro e esse fato pode representar ‘nulidade processual’. Com informações da CBN.

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Fonte: Gazeta News