(FOLHAPRESS) -O Ministério da Saúde monitora de perto a importação de insulina humana da estatal ucraniana Indar, responsável por um dos maiores contratos de fornecimento ao Brasil. A fábrica da empresa fica na capital, Kiev, que é um dos alvos dos ataques da Rússia na guerra.

Até o momento, a situação é acompanhada com atenção e, segundo membros da pasta, preocupação, mas ainda sem perspectiva de desabastecimento.

A Bahiafarma, estatal baiana que tem contrato com a Indar e fornece a insulina ao governo federal, tem mantido contato contínuo com a empresa e com o ministério.

A informação mais recente repassada à Bahiafarma é a de que a produção continua operando e que a empresa ucraniana busca alternativas para os próximos embarques em portos europeus fora da Ucrânia. O porto de Odessa, normalmente utilizado, é um dos palcos da guerra.

O contrato do Ministério da Saúde com a Bahiafarma, assinado no final de 2020, é um dos maiores do país e prevê o fornecimento de 20 milhões de doses de insulina, das quais 8 milhões ainda não foram entregues. No momento, 1,2 milhão de doses estão embarcadas atualmente, a caminho do Brasil.

O contrato foi encerrado em 2021, mas as doses remanescentes ainda vão chegar ao país.

No ano passado, o governo firmou contrato com outra empresa do setor, a dinamarquesa Novo Nordisk, para compra de 12 milhões de doses.

Em nota, o Ministério da Saúde afirma que, em razão do contrato com a empresa da Dinamarca, o abastecimento de insulina no SUS está regular em todo o país, com cobertura até abril de 2023,.

Antes dele, a Bahiafarma era a principal -e em alguns momentos, única- fornecedora de insulina do governo brasileiro.

“É uma situação que temos monitorado. Não tem como a produção não ser afetada em um país que está em guerra. Mas não vejo isso [a possibilidade de um impacto grave com uma eventual interrupção de fornecimento da Ucrânia].

Acho que o Ministério da Saúde está preparado”, afirma Tiago Moraes.

Ele afirma que a mudança da planta da Indar de Kiev para outra cidade não seria simples.

“A produção da insulina tem sua complexidade. É um projeto que toma tempo, leva anos. Não é uma planta que você coloque em cima de um caminhão e desloque”, afirma.

O Brasil tem um cenário de fornecimento irregular de insulina, com alertas pontuais de falta do produto nos últimos anos. Governos estaduais acusaram, em diferentes momentos, escassez do produto na rede pública.

No começo de 2022, o governo da Paraíba relatou dificuldades. O Ministério da Saúde disse que o problema seria resolvido e que a Bahiafarma vinha sofrendo com atrasos.

Moraes afirma que toda a cadeia de produtos biológicos foi afetada pela pandemia.

“Não é pontual sobre a Bahiafarma, mas recai no segmento como um todo. Há uma série de notícias dando conta de escassez de produtos biológicos, ocasionada por dificuldades logísticas e pelo estrangulamento da produção. São problemas pontuais, de um mês ou outro, mas nada generalizado”, diz.

Segundo dados da 10ª Edição do Atlas Diabetes 2021, produzido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), o Brasil tem 15,7 milhões de pessoas vivendo com diabetes, deixando o país na sexta posição no ranking mundial, atrás da China (140,9 milhões), Índia (74,2 milhões), Paquistão (33 milhões), Estados Unidos (32,2 milhões) e Indonésia (19,5 milhões).