(FOLHAPRESS) – As marginais Pinheiros e Tietê são as vias de São Paulo onde mais motociclistas morreram em 2021, segundo relatório divulgado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na tarde desta terça-feira (31).

De acordo com o documento, 14 pessoas perderam a vida em acidentes com motocicletas na marginal Pinheiros e outras 11, na marginal Tietê. Os números são maiores que os de 2020, com 12 e 9 óbitos, respectivamente.

A lista das vias mais letais para motociclistas inclui rodovias com trechos urbanos na cidade, como rodoanel, Raposo Tavares, Anhanguera, Ayrton Senna e dos Bandeirantes.

As marginais também lideram o ranking de todos os acidentes fatais, mas com a Tietê (30) à frente da Pinheiros (18).

O número de mortos na marginal Tietê nesta última estatística foi o maior desde 2014, quando ocorreram 37 registros de óbitos.

Em toda a cidade em 2021, diz o documento da CET, 44% das mortes no trânsito foram de motociclistas.

Ao todo, 823 pessoas morreram em 797 acidentes na capital no período, sendo que 363 estavam em motos, praticamente um óbito de motociclista por dia.

A estatística leva em conta mortes ocorridas até 30 dias depois do sinistro de trânsito.

Entre os motociclistas mortos em 2021, 94 tinham entre 20 e 24 anos, e 77 foram identificados como motofretistas.

Neste ano, houve 4.671 feridos em sinistros em que as pessoas estavam em motocicletas.

As motos representam 15,7% dos veículos em circulação pela cidade, contra 79,1% dos automóveis, 2,98% de ônibus, 1,37% de caminhões e 0,81% de bicicletas.

Já o Infosiga, sistema do governo de São Paulo com dados da Polícia Militar, mostrou que o número de motociclistas mortos na capital chegou a 405 vítimas no ano passado.

O número de mortes no trânsito em geral, que havia caído em 2019, voltou a crescer em 2020 e em 2021, segundo relatórios da CET.

A alta foi puxada pelos casos envolvendo motociclistas, principalmente pelo crescente serviço de entrega de produtos e alimentos para quem estava em casa por causa da pandemia de Covid-19.

No caso das marginais, Sérgio Ejzenberg, mestre em transportes pela Escola Politécnica da USP, diz acreditar ser necessária a implantação de faixa azul, exclusiva para os pilotos de motos, nas pistas expressas.

Instalada há um ano na avenida 23 de Maio, a faixa azul zerou o número de acidentes fatais naquela via, de acordo com a prefeitura. Nos três anos anteriores, de 2019 a 2021, haviam sido registradas 12 mortes no local.

Com base na experiência, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou no último dia 26 de janeiro que 220 km de faixa azul serão implantadas na cidade.

A faixa na 23 de Maio, aprovada e autorizada pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), iniciou a operação em 25 de janeiro do ano passado.

Em nota, a prefeitura diz que as marginais fazem parte do estudo para adoção da faixa exclusiva de motocicleta. Mas não informa se há data para início.

A administração municipal lembra que as marginais são vias de trânsito rápido, onde já vigoram restrições à circulação de motociclistas em pistas expressas “sendo recomendado seu trânsito pela pista local, cuja velocidade máxima permitida é mais apropriada para a circulação de motos”.

Nas vias locais, explica Ejzenberg, porém, mesmo com a velocidade menor, os motociclistas acabam sendo mais expostos a riscos, por causa da mudança constantes de carros e caminhões de faixas, de carros que deixam garagens ou ônibus que param e saem de pontos, além do acesso à marginal por ruas espalhadas ao longo da via.

Para tentar reduzir a estatística de mortes, o especialista afirma que também é necessário implantar áreas exclusivas de parada para motociclistas à frente dos carros em praticamente todos os cruzamentos com semáforos na cidade.

Ejzenberg acrescenta ser importante aumentar a fiscalização de velocidade das motos, inclusive com radares manuais, além de fazer parceria com as empresas de aplicativo de entrega para criar mecanismos de punição a motociclistas que cometerem imprudências no trânsito para fazer o trabalho mais rápido.

O engenheiro também diz que, se a prefeitura perder a queda de braço com as empresas de aplicativos de transporte e permitir a implantação de mototáxi, há uma tendência de piora acelerada nas estatísticas de mortes. “Principalmente na periferia, esse serviço irá tirar passageiros do transporte público, por ser barato e rápido, mas é um meio de transporte mortal.”

A Uber anunciou o serviço de mototáxi em 5 de janeiro, com base em uma legislação nacional, mas sem regulamentação local. No dia seguinte, Nunes assinou um decreto proibindo a modalidade de transporte exatamente para evitar uma disparada ainda maior no número de óbitos no trânsito.

Apenas na última segunda (30), as empresas Uber e 99 anunciaram que iriam suspender o serviço de caronas em motocicletas na cidade de São Paulo.

QUEDA

Segundo a CET, pelo segundo ano seguido, o número total de acidentes de trânsito na cidade de São Paulo caiu. Ao longo de 2021, foram registradas 6.860 ocorrências (somando-se os atropelamentos e sinistros veiculares), com queda de 30% em relação a 2020, quando foram registradas 9.837 ocorrências desse tipo.

O número total de vítimas feridas nesses acidentes também caiu 30%. Foram 8.439 em 2021, ante 12.152 em 2020.

A Prefeitura de São Paulo diz que vem implementando uma série de medidas para reduzir o número de sinistros, de feridos e de mortos no trânsito da cidade.
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LOCAIS COM MAIS MORTES DE MOTOCICLISTAS EM 2021 NA CAPITAL

Via – Óbitos
Marginal Pinheiros – 14
Marginal Tietê – 11
Av. Raimundo Pereira de Magalhães – 8
Av. do Estado – 7
Av. Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores – 8
Av. Senador Teotônio Vilela – 6
Estrada de Itapecerica – 6

QUEM MORREU NO TRÂNSITO EM SÃO PAULO EM 2021
Usuários – Óbitos
Motociclistas – 363
Pedestres – 289
Motoristas/Passageiros – 130
Ciclistas – 44

MORTES NO TRÂNSITO POR ANO NA CAPITAL
Período – Óbitos
2018 – 849
2019 – 791
2020 – 809
2021 – 823

MORTES DE MOTOCICLISTAS POR ANO NA CAPITAL
Período – Óbitos
2018 – 366
2019 – 297
2020 – 345
2021 – 363

VEÍCULOS ENVOLVIDOS EM SINISTROS DE TRÂNSITO FATAIS EM 2021
Tipo – Número
Motocicletas – 440
Automóveis – 397
Ônibus – 102
Caminhões – 94
Sem informações – 56
Bicicletas – 47