O médium João de Deus, preso sob acusações de abuso sexual, pode estar envolvido também com tráfico de crianças do Brasil para EUA, Europa e Austrália.

Nesta quarta-feira, 9, a ativista SabrinaBittencourt continua a prestar depoimento para a força-tarefa do Ministério Público de Goiás, que investiga crimes cometidos pelo médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus.

O Ministério Público de São Paulo também recebeu denúncias e encaminhou na última segunda-feira, 7, um pedido de investigação sobre uma suposta ligação de João de Deus com o crime de tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres.

Após graves denúncias das ativistas de Direitos Humanos Sabrina Bittencourt e Maria do Carmo postadas em vídeos na internet e também feitas diretamente à justiça de Goiás e São Paulo, os órgãos pedem ao Ministério Público Federal para abrir investigação.

O depoimento de Sabrina Bittencourt teve início na tarde de terça-feira, 8, e terá continuidade na quarta-feira (9/1), segundo informações do Ministério Público de Goiás.

Assim que concluídos, os depoimentos serão analisados e receberão os encaminhamentos cabíveis, inclusive com possível remessa ao MPF na parte afeta à sua atribuição. “Os fatos narrados serão tratados com a mesma seriedade e celeridade dispensadas aos demais casos já denunciados e em apuração pelo Ministério Público de Goiás”, afirmou a promotora Patrícia Otoni.

Em um vídeo divulgado nas suas redes sociais, Bittencourt afirma que João de Deus faria parte de uma quadrilha de vendas de bebês e de escravização sexual de mulheres há pelo menos 20 anos.

Segundo ela, as crianças, muitas vezes geradas para esse fim por mulheres pobres do norte de Minas e da região de Goiás, seriam comercializadas por famílias nos Estados Unidos, Austrália e Europa por valores entre US$ 20 mil e US$ 50 mil. Sabrina ainda afirma ter depoimentos de mãesadotivas, ex-funcionárias e moradores de Abadiânia que eram coagidos pelo médium a participar do esquema.

“Nós temos mulheres que são utilizadas como escravas sexuais. Em geral, mulheres negras e de baixa renda tanto em Abadiânia como em Anápolis. Mulheres do norte de Minas [Gerais] que viviam próximo aos garimpos ilegais de João de Deus”.

A ativista também diz que João de Deus estaria envolvido com muitas ilegalidades. “Agente tem mapeado uma série de outros crimes”.

Ainda no mesmo vídeo, ela conta que mulheres seriam mantidas em cárcere privado como escravas sexuais. Forçadas a engravidar em troca de comida para seus filhos. Isso por 5, 10, 20 anos.

O advogado de defesa de João de Deus,Alberto Toron, disse que desconsidera a fala da ativista, segundo ela mesma descreve em sua rede social.

“Continue ‘desconsiderando minha fala’ Alberto Toron. Que todas as pessoas que foram assassinadas por ele e sua quadrilha possam ter descanso, pois a justiça chegará”, escreveu.

A força-tarefa do MP-GO foi instituída pelo procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, no último dia 10 de dezembro e é responsável pelo atendimento às vítimas de abuso sexual e investigação dos crimes cometidos por João Teixeira, conforme informando pela Assessoria de Comunicação do MP-GO.

Quem é Sabrina Bittencourt

Bittencourt é uma das criadoras do “movimento” Coame, sigla para Combate ao Abuso no Meio Espiritual, plataforma que concentra denúncias de violações sexuais cometidas por padres, pastores, gurus e outros pessoas que prestam serviço religioso ou espiritual.

Ameaçada de morte, Bittencourt vive fora do Brasil sob proteção de organismos internacionais que prestam esse tipo de serviço a ativistas diversos. Muda de casa a cada 10 ou 12 dias, muda de país sem registrar o ingresso na fronteira.

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Fonte: Gazeta News