Viver no Brasil não é para fracos como eu.
Duas semanas de imersão me envenenam num grau sem precedentes.
Fico até constrangida em falar em respeito a amigos e familiares. Mas não da pra calar.

Não moro aqui, mas me importo. É o país que eu nasci e desesperadamente estou perdendo os vínculos, a começar pela minha cidade. Mas não quero desistir dele. Pode dar certo, tem que dar certo. É só ter vontade. E aí é que não sei se há esta vontade. Nunca ouvi tanta gente me perguntando como é que se pode mudar para os Estados Unidos.

Tudo é difícil. Tento olhar com olhos positivos, mas de toda as experiências que tive as duas únicas que me deram um fio de esperança que é possível foi a reforma do aeroporto de Porto Alegre num tempo surpreendente e o atendimento que a Corsan, companhia de saneamento do Estado.

Nesta última, a conta de água da casa dos meus pais veio cobrando 300 metros cúbicos de água, o que é uma baba, e um valor de mais de três mil reais. Contatei a companhia pelo 0800 que minha irmã me passou e tive um atendimento nota dez.
A atendente super profissional, perguntas e instruções precisas e “pasmei” em receber um número de protocolo. Pediram cinco dias úteis prá resolver, no segundo já veio um email, com o que eu tinha que fazer do meu lado, também com explicações claras e links que funcionam. De impressionar.

De resto, é uma burocracia, uma complicação, uma filosofia de “quanto pior melhor” inacreditáveis. E os depoimentos das vivências de amigos reforçam a situação.

Ouvi um relato que uma médica perita atendeu 20 pessoas, 15 eram laranjas tentando fraudar a perícia. Para quem não entendeu, eram pessoas que tinham um problema e se apresentavam em nome de outras. Porém como “o diabo ensina fazer a panela e não a tampa”, os laranjas ainda são burros e não sabiam direito o nome do segurado que representavam, ficando evidente a fraude. Contando não dá prá acreditar.

E assim vai ou assim segue a brasilidade, parodiando a música do Lulu Santos.
E não é culpa do Bolsonaro, como todos que não votaram nele querem atribuir, porque está na presidência apenas alguns meses. É arraigado. Vem de anos e anos de uma manipulação da massa.
É tudo tão complicado que você, que é certinha, que paga seus impostos, que cumpre a lei levanta de manhã para fazer alguma coisa e já sai com o espírito armado e vai contagiando os outros. No final do dia está morto de cansado, das pequenas “brigas” diárias pela sobrevivência.

E aí, prá completar, recebo a notícia que as brilhantes mentes supremas reduziram a pena de Lula.

A pena dele não é só pelo triplex. É por tudo que fez como “encantador de burros” como disse um amigo, muito apropriadamente. A destruição dos valores feitas por uma ideologia é surreal. Ele era o chefe e o mentor.

Volto para os Estados Unidos com a esperança que num próximo retorno ao Brasil as coisas tenham melhorado. Assim foram nos últimos vinte e dois anos.
Um abraço e força aos brasileiros

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Fonte: Gazeta News