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Jean Wyllys (PSOL-RJ). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado.

A decisão do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), de não voltar mais ao Brasil e dessa forma não assumir o terceiro mandato, teve ampla repercussão mundial. Além do Brasil, a saída do deputado recém reeleito ganhou grande destaque em alguns dos principais veículos da imprensa mundial.

Wyllys comunicou na quinta-feira, 24, que não assumiria o cargo por medo de ser assassinado, citando ameaças de morte e difamação que tem recebido.

O “The New York Times” destacou o papel de Jean Wyllys na luta pelos direitos LGBT, além das ameaças de morte citadas pelo deputado federal. “Wyllys tem sido alvo de ameaças de morte há anos, mas ele disse que essas ameaças se tornaram mais severas depois que Marielle Franco, uma defensora dos direitos humanos que era sua amiga e aliada política, foi assassinada”, afirma o jornal.

Também americano, o jornal “The Washington Post” lembrou dos embates frequentes entre Wyllys e o presidente Jair Bolsonaro, além das medidas de segurança adicionais adotadas pelo deputado após o assassinato de Marielle.
“Wyllys, que foi reeleito em outubro e deveria começar um terceiro mandato em fevereiro, disse que as ameaças de morte contra ele aumentaram significativamente desde que a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi baleada e morta junto com seu motorista em março. Desde então, Wyllys, que representa o Rio de Janeiro, usa uma equipe de segurança”, relata o jornal.

O jornal francês Libération deu a manchete: “Ameaçado de morte, o único deputado brasileiro abertamente gay deixa a política e se exila”. O jornal explicou que o anúncio foi feito pelo deputado em entrevista à Folha de S. Paulo.
“Oponente do presidente Jair Bolsonaro, em quem cuspiu no dia da destituição de Dilma Rousseff, em 2016, após ouvir dele declarações homofóbicas, Wyllys vivia sob escolta policial depois do assassinato, em março, de sua colega no PSOL Marielle Franco, ela também ativista negra e bissexual”, publicou o Libération.

O The Guardian noticiou “Único congressista abertamente gay do Brasil deixa país após ameaças de morte”. E também citou a postura da família Bolsonaro sobre a saída de Wyllys. “Bolsonaro não fez nenhum comentário explícito sobre o anúncio de Wyllys, mas logo depois postou um emoticon com o polegar para cima em seu twitter. O filho de Bolsonaro, Carlos – também vereador do Rio – recebeu a notícia com um tweet dizendo: “Vá com Deus e seja feliz”.

O jornalista David Biller noticiou o fato na agência de notícias americana Bloomberg. “Nossa história sobre um legislador abertamente gay que diz que está deixando o Congresso e o Brasil”.
Políticos brasileiros também falaram sobre a decisão do deputado.
Nesta sexta, 25, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, se manifestou sobre a saída de Wyllys: “quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a democracia. Uma das coisas mais importante é você ter sua opinião e ter liberdade para expressar sua opinião”, disse.

Políticos brasileiros

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia divulgou nota na qual afirmou que ninguém pode ameaçar um deputado e sentir-se impune:

“Lamento a decisão tomada pelo deputado Jean Wyllys. Como presidente da Casa, e seu colega na Câmara, mesmo estando em posições divergentes no campo das ideias, reconheço a importância do seu mandato. Nenhum parlamentar pode se sentir ameaçado, ninguém pode ameaçar um deputado federal e sentir-se impune”, afirmou Rodrigo Maia na nota.

A relatora da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Antonia Urrejola, disse em entrevista à BBC que a decisão de Wyllys “é muito lamentável. Não é possível que, em um estado democrático, autoridades eleitas não tenham as condições básicas para exercer suas funções. Me parece que a situação de Jean é exatamente uma destas situações em que o Estado não foi capaz de blindá-lo com a proteção requerida”, afirmou. Com informações do G1 e Reuters.

Jean Wyllys de Matos Santos é jornalista, professor universitário e político brasileiro, eleito pela primeira vez em 2010 para um mandato de deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade do Rio de Janeiro. Ele estaria assumindo seu terceiro mandato como deputado federal.

Com a renúncia de Wyllys, assume o seu suplente, o deputado federal David Miranda, pelo Psol-RJ.

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Fonte: Gazeta News