No ano fiscal compreendido entre outubro de 2018 e setembro de 2019 o número de vistos de turismo negados pelos EUA a brasileiros teve um aumento significativo, o maior índice dos últimos 14 anos. Houve um crescimento de mais de 45% na comparação com a taxa do ano fiscal anterior, entre outubro de 2017 e setembro de 2018, chegando a 18,5%, de acordo com dados do Departamento de Estado norte-americano.

No mesmo período, o número de brasileiros detidos pela imigração norte-americana ao tentar entrar irregularmente no país também cresceu exponencialmente chegando a 17,9 mil presos nos centros de detenção do departamento.

O número de vistos negados não explica, mas se relaciona com o crescimento do número de pessoas detidas, no que parece ser uma estratégia para desestimular novas tentativas de imigração de brasileiros aos EUA.

O aperto na política de imigração leva aos dois resultados, para os que tentam o visto de forma legal e para aqueles que, sem essa chance, querem entrar via México, já que o país não exige mais vistos de brasileiros.

Dados do Departamento de Estado americano desde 2006 mostram que a parcela de vistos negados a brasileiros foi caindo rapidamente daquele ano, em que estava em torno de 13%, até 2014, quando chegou a 3,2%. Em 2014 e nos dois anos anteriores, as negativas estiveram próximas do limiar de 3%, sempre dado pelo governo norte-americano como o limite que o Brasil teria que baixar para entrar na sonhada lista de países que poderiam negociar o fim do visto.

“Nos meses entre a eleição e a posse do atual presidente, houve um aumento perceptível, motivado pela sensação de urgência”, explicou uma fonte do governo brasileiro que acompanha a situação dos imigrantes.

Em 2017 e 2018, os vistos recusados ficaram um pouco acima de 12%, para então saltarem para os 18,5% atuais.

Em contato com as autoridades do país, um dos brasileiros presos e deportados contou que ouviu de um dos guardas no centro de detenção onde ficou que ao voltar para o Brasil deveria contar aos amigos todas as dificuldades que passou para que outros não tentassem o mesmo caminho, contou a fonte.

Em El Paso, onde a maior parte dos brasileiros que tentam cruzar a fronteira irregularmente fica presa, o tratamento aos imigrantes é mesmo o de dissuadir novas tentativas.

Atualmente, os imigrantes são presos na fronteira México-EUA, levados para um dos centros de detenção no lado norte-americano, onde homens e mulheres são separados, no caso das brasileiras, os filhos ficaram com as mães. Lá, depois de alguns dias, são ouvidos em uma entrevista, não sabem por qual autoridade por telefone. Ao terem a entrada negada, entram na lista de deportação.

O Itamaraty estima que cerca de 1,7 milhão de cidadãos (brasileiros) vivam nos Estados Unidos hoje, entre regularizados e aqueles que estão lá irregularmente. Apesar de parecer alto, o número é pequeno na comparação com outros grupos de imigrantes. Dados do Bureau do Censo norte-americano apontavam, em 2016, o Brasil apenas como o 20º país com maior número de cidadãos vivendo nos EUA.

Fonte: Brazilian Press