BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) solicitou novamente proteção policial aos membros da entidade que participaram da aprovação da aplicação da vacina da Pfizer contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. O pedido foi feito por meio de ofício neste domingo (19).

De acordo com a agência, a solicitação já havia sido feita quando as primeiras ameaças foram feitas, mas os ataques em redes sociais se intensificaram nas últimas 24 horas.

“A Anvisa informa que, em face das ameaças de violência recebidas e intensificadas de forma crescente nas últimas 24 horas, foram expedidos neste domingo (19/12) ofícios reiterando os pedidos de proteção policial aos membros da Agência. Tais solicitações já haviam sido feitas no último mês de novembro quando a Agência recebeu as primeiras ameaças”, disse em nota.

“O crescimento das ameaças faz com que novas investigações sejam necessárias para identificar os autores e apurar responsabilidades”, continuou.

O ofício com a solicitação foi endereçado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, mas, segundo a Anvisa, o documento também será entregue ao ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, ao ministro da Justiça, ao diretor-geral da PF (Polícia Federal) e ao superintendente regional da PF no Distrito Federal.

“Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a Agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil. Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas”, afirmou a Anvisa.

“Esses fatos [ameaças em redes sociais] aumentaram a preocupação e o receio dos Diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”, disse o ofício.

A agência afirmou ainda que “não publicará os anexos que materializam as ameaças recebidas para não expor os dados pessoais dos envolvidos, no entanto, todas as informações foram encaminhadas às autoridades responsáveis” e que segue em sua missão de proteger a saúde do cidadão.

Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que os pais e responsáveis de menores de 12 anos tenham que assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças, além da exigência de receita médica.

O presidente voltou a reforçar a fala de três dias antes, quando afirmou ter pedido à Anvisa a divulgação do nome dos técnicos responsáveis pela aprovação do imunizante da Pfizer para vacinar crianças de 5 a 11 anos -o que causou reação da agência, repudiando a ameaça, e incitou ataques de apoiadores.

A autorização do uso da vacina foi divulgada na quinta-feira (15). A resolução prevê que crianças recebam duas doses de 10 microgramas num intervalo de 21 dias.

No sábado (18), o ministro da Saúde informou que estabeleceria um procedimento mais longo para autorizar a imunização desse público e disse que só divulgará a decisão sobre a vacinação de crianças em 5 de janeiro.

Segundo Queiroga, o prazo mais extenso é justificado por se tratar de um “tema sensível” e que a “introdução desse produto no âmbito de uma política pública requer uma análise mais aprofundada”.

Até o momento, o imunizante da Pfizer é o único liberado para aplicação em crianças e adolescentes no país. Na avaliação do ministro, só a autorização da Anvisa não é suficiente para que a vacinação seja colocada em prática.

Em outras ocasiões, o governo Bolsonaro já tentou barrar a vacinação de menores de 18 anos.

Apesar da liberação, o início da vacinação não pode ocorrer imediatamente porque o Ministério da Saúde ainda não solicitou a compra de doses específicas para a faixa etária. A previsão é imunizar 70 milhões de crianças.