CLEO GUIMARÃES
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – “Vamos militar! Ninguém mandou convidar a gente”, disse Preta Gil, no palco de um dos salões do Copacabana Palace, cenário do Baile da Vogue, nesta sexta-feira (29). Preta tinha a seu lado alguns dos homenageados da noite, numa lista que incluía artistas e atletas negras como Taís Araujo, a ginasta Rebeca Andrade e as cantoras Majur e Linn da Quebrada, entre outras.

O pessoal atendeu ao apelo e o que se viu em seguida foram discursos inflamados e emocionados contra os padrões heteronormativos, a gordofobia e a falta de representatividade negra. O tema da noite era Brasilidade Fantástica, e a proposta da festa era ser uma celebração à diversidade, daí os representantes de várias minorias espalhados pelo hotel.

Símbolo maior de um colunismo eletrônico mais conservador, Amaury Junior fazia a cobertura da festa e mostrou que vem procurando se atualizar. Animou-se ao ser informado por seu produtor que ali pertinho havia uma pessoa “que está bombando”.

“Sabe o nome dela? Majur”, disse o auxiliar do apresentador, passando rapidamente a ficha da cantora, que estourou no país em 2019, ao gravar a canção AmarElo ao lado de Emicida e Pabllo Vittar. Majur foi a primeira mulher trans a estampar a capa da Vogue.

De posse dessas informações, Amaury acelerou o passo e foi correndo entrevistá-la. Ali foi informado pela própria que suas pernas medem 1,26 metro (“Ficou passado, né?”). Ele não resistiu. “Posso medir?” -e assim o fez, com as mãos espalmadas, uma depois da outra. Contou seis palmos e concluiu que a medida é verdadeira. “Nossa!”, espantou-se.

Majur usava um figurino de Miss Universo feito especialmente para ela pela grife Dolce & Gabbana. “All look veio de Milão, olha o poder”, contou, ainda na varanda do Copa.

“Está calor aqui, hein”, constatou, no salão, o surfista Gabriel Medina. Ele estava todo de preto (exceto pelos tênis, branquíssimos e pela fivela prateada do cinto, um gigantesco monograma da Louis Vuitton), óculos escuros, e caminhava sempre ao lado de pelo menos três amigos, um deles o jogador de vôlei da seleção brasileira Bruninho, filho de Bernardinho.

Prestes a voltar ao circuito mundial depois de uma pausa anunciada em janeiro, Medina bebia gim tônica e analisava criteriosamente as mulheres que passavam à sua frente. Perguntado se não temia a fama de baladeiro, disse que não tem o que esconder. Gosta de sair à noite mesmo e ninguém tem nada a ver com isso. “Sei dividir a hora da festa e a do trabalho. Tenho feito as coisas direito”.

Corta para o encontro entre Pedro Scooby e o ator Jonathan Azevedo, nos bastidores de um dos ambientes da festa. “Scoobera!! Brabão de verdade! Irmão, tu tem a alma linda”, animou-se Jonathan ao ver o ex-BBB surgir no horizonte.

Scooby diz que Jonathan está “lindão” (ele usa uma roupa agênero, um vestido), os dois se abraçam e combinam um encontro. “Qual é, mano. Quando a poeira baixar vamos trocar uma ideia, aparece lá na laje”, convida o ator, morador da comunidade do Vidigal, na zona sul do Rio. “Um beijo nas crianças”, despede-se.

Outro encontro digno de menção juntou Jojô Toddynho e o governador do Rio, o cantor gospel Cláudio Castro (PL). Ao se cruzarem no meio do salão, abraçaram-se e demonstraram uma certa intimidade. Que nada, garante Toddynho. “Ele é amigo do meu tio, cumprimentei por educação”, disse a cantora. “Não tenho nada a ver com ele nem com os políticos”, enfatizou.

O show da noite foi de Ivete Sangalo, que mais uma vez mostrou a capacidade de entreter a plateia como poucos -não é à toa que chegou a ser cotada para substituir Fausto Silva no Domingão. “Me chamou de gostosa? Me conte uma novidade”, brincou, ao ouvir os berros da plateia.

Ivete estava em sua euforia habitual e posou para fotos com quem estava na primeira fila, anunciou um bloco só de músicas de Carnaval (“Se ninguém dançar vou ficar puta, hein”), elogiou os amigos da plateia, fez elogios a Scooby (“Gente boa o bichinho, né, gente?”) e ao também ex-BBB Paulo André. “Um gato!”, definiu. Entre uma música e outra, os convidados do baile deram início a um coro em apoio ao ex-presidente Lula. Escaldada, Ivete ignorou, uma nova canção começou, e vida que segue.

Depois de duas horas de show, a cantora provocou: “Estão querendo botar um DJ agora, gente. O que vocês acham desse posicionamento da Vogue? Bora criar uma intriga, hahaha. Estou de sacanagem”. O DJ que veio a seguir era o Marlboro, precursor do funk no Brasil.

E aí quem se empolgou foi a ginasta Rebeca Andrade. Ela mostrou que gosta mesmo do ritmo que a embalou nas Olimpíadas do Japão e dançou, descalça e de bracinhos para cima, alguns dos maiores hits. “Cheguei, cheguei chegando, bagunçando a porra toda”, bradava, no meio da pista, às três da manhã.

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