Especialistas em saúde dos Estados Unidos dizem que os esforços das pessoas que mantêm o distanciamento social e usam máscara de proteção começaram a mostrar resultados em relação aos dados da pandemia do novo coronavírus. Mas com apenas 4% da população do país totalmente vacinada, especialistas dizem que os norte-americanos devem continuar com as precauções de segurança para evitar que variantes altamente contagiosas anulem todo o progresso.

Os pesquisadores relataram no domingo (14) que identificaram sete novas variantes preocupantes do coronavírus circulando nos Estados Unidos, de acordo com Wilbur Chen, especialista em doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland. “Certamente queremos preservar a eficácia total das vacinas, evitando variantes do vírus, mas, novamente, essas vacinas são eficazes e continuam a ser úteis”, disse Chen, que é membro do Comitê Consultivo do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA sobre as práticas de imunização.

Morador de Los Angeles, nos EUA, faz teste para o novo coronavírus

Os Estados Unidos bateram seu recorde de novas infecções diárias, hospitalizações e mortes no início de janeiro, após viagens e encontros nas festividades de Ano Novo. Desde então, os casos de Covid-19 e as hospitalizações despencaram. Os médicos dizem que existem vários motivos para explicar esses dados. “Primeiro, saímos de números realmente altos no Natal e no Ano Novo”, disse Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Brown. “Em segundo lugar, há evidências muito boas de que as pessoas estão melhoraram o distanciamento social e aumentaram o uso de máscaras”, disse ele.

“Terceiro, acho que em muitas comunidades tivemos tantas infecções que chegamos a algum nível de imunidade populacional. Não imunidade coletiva, mas imunidade populacional suficiente para que o vírus diminua.” Os Estados Unidos ainda precisarão de vários meses até vacinar a maioria de sua população. Cerca de 14 milhões de americanos foram totalmente vacinados com duas doses de suas vacinas Covid-19. Isso representa cerca de 4% da população dos EUA. E leva semanas para as vacinas fazerem efeito.

Mas mais de 11% dos americanos receberam pelo menos uma dose de vacina. E isso pode contribuir ligeiramente para a diminuição das hospitalizações por Covid-19, disse Paul Offit, diretor do Centro de Educação de Vacinas do Hospital Infantil da Filadélfia. “As doses que já foram aplicadas são, em sua maioria, primeiras doses, e isso fornecerá imunidade incompleta, imunidade de curta duração”, disse Offit. “É preciso tomar a segunda dose.”

Funcionária de casa de repouso recebe dose da vacina contra Covid-19 em NY

Ao mesmo tempo, o aumento do uso de máscaras – e uma aceitação mais ampla dessa medida – fez com que os números da Covid-19 caíssem, disse Jonathan Reiner, professor de medicina e cirurgia da George Washington University. “Esta é uma consequência, provavelmente, de uma mensagem muito melhor distribuída uniformemente sobre o uso de máscara nos Estados Unidos”, disse ele à CNN na segunda-feira (15). “Mais pessoas do que nunca nesta pandemia estão usando máscaras.”

A situação nos EUA hoje

A média de sete dias de novos casos diários é agora de 90.416 – abaixo do pico de cerca de 250.000 no início de janeiro, de acordo com a Universidade Johns Hopkins. No domingo (14), 67.023 pessoas foram hospitalizadas com Covid-19 – cerca de metade do recorde de 132.447 estabelecido em 6 de janeiro, de acordo com o Projeto de Rastreamento Covid. Mas as mortes por Covid-19 ainda são muito altas. Mais de 42.500 norte-americanos morreram de Covid-19 nas últimas duas semanas. Isso representa uma média de mais de 3.000 vidas perdidas todos os dias.

E variantes preocupantes continuam se espalhando, ameaçando uma nova onda. “Tivemos três surtos. Depende de nós ter ou não um quarto surto”, disse o ex-diretor do CDC, Tom Frieden. “E o que está em jogo não poderia ser maior – não apenas no número de pessoas que podem morrer na quarta onda, mas também no risco de que variantes ainda mais perigosas surjam se houver mais disseminação descontrolada.”

É por isso que os especialistas em saúde dizem que os líderes estaduais ainda não deveriam abrandar restrições como o uso de máscaras. “É encorajador ver essas tendências caindo, mas elas estão vindo de um momento extraordinariamente alto”, disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky, à NBC no domingo (14). “Se quisermos levar nossos filhos de volta à escola, e acredito que todos queremos, tudo depende de como o contágio comunitário estará”, disse ela. “Todos precisamos assumir a responsabilidade de diminuir a disseminação comunitária, incluindo para isso o uso de máscaras, para que possamos ter nossos filhos e nossa sociedade de volta.”

CDC dos EUA recomendou reabertura de escolas com uso máscaras e outros protocolo

O avanço das novas cepas

Mais de 1.100 casos da variante B.1.1.7 altamente contagiosa, detectada pela primeira vez no Reino Unido, foram relatados em 39 estados dos EUA, de acordo com o CDC. Cerca de um terço dos casos foram registrados na Flórida. A perturbadora cepa B.1.351, detectada pela primeira vez na África do Sul, foi encontrada em 17 casos nos Estados Unidos. Essa cepa é preocupante porque algumas vacinas podem ser um pouco menos eficazes contra ela. Agora, os pesquisadores identificaram um lote de mutações preocupantes em amostras dos EUA que também parecem tornar o vírus mais transmissível.

Todas essas mutações afetam o mesmo trecho da proteína spike – a extensão do vírus que é usada para se conectar às células, escreveram os pesquisadores na versão inicial (pré-impressão) de um estudo que ainda não foi revisado por pares. Mas, até agora, essas mutações parecem ser “relativamente raras”, disse um dos pesquisadores. Também há uma lição importante com a recente queda global em novos casos Covid-19.

Nas últimas cinco semanas, “os casos relatados semanalmente (caíram) quase pela metade”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde. “Isso mostra que medidas simples de saúde pública funcionam – mesmo na presença de variantes”, disse ele. “O que importa agora é como respondemos a essa tendência. O incêndio ainda não acabou, mas reduzimos seu tamanho.”

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Estados ainda sofrem com falta de vacinas

Especialistas em saúde pública dizem que os Estados Unidos estão agora em uma corrida para vacinar o maior número possível de norte-americanos antes que as cepas do coronavírus continuem se espalhando e sofrendo mutações. Mas a escassez de oferta continua. No estado de Washington, as autoridades disseram que as primeiras doses serão “extremamente limitadas” nesta semana, já que o estado se concentrará na administração de segundas doses. “Estamos monitorando de perto a distribuição das doses e fazendo os ajustes necessários”, disse o secretário de Saúde, Umair Shah.

“Embora a disponibilidade limitada das primeiras doses seja um desafio na próxima semana, o foco nas segundas doses ajudará a pavimentar o caminho para uma alocação melhor e mais sustentável de vacinas nas próximas semanas.” Em São Francisco, as autoridades disseram que o local de vacinação de alto volume vai pausar suas atividades por uma semana e reabrir “assim que o suprimento for suficiente para retomar as operações”. Um segundo local de alto volume espera retomar as vacinações na sexta-feira (19) – mas apenas para as segundas doses.

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Um terceiro ponto de vacinação com grande capacidade de atendimento deve ser lançado esta semana, mas “com atendimentos muito abaixo da capacidade total”, disseram autoridades em um comunicado à imprensa no domingo (14). “A cidade tem capacidade para administrar mais de 10.000 doses por dia, mas falta o estoque da vacina”, acrescentaram. Vários locais de vacinação contra a Covid-19 de Los Angeles foram forçados a fechar temporariamente por causa da falta de doses. O estado de Washington e a Califórnia estão longe de serem os únicos nessa situação. Autoridades disseram que o fornecimento provavelmente continuará sendo um desafio por algum tempo, e os especialistas dizem que as vacinas provavelmente não estarão amplamente disponíveis ao público até o segundo semestre. “Até o final do verão [no hemisfério Norte], teremos vacina suficiente para vacinar toda a população dos EUA que é elegível”, disse Walensky, o diretor do CDC, à Fox News no domingo (14).

Vacinação de professores e reabertura de escolas

Cerca de 89% das crianças nos EUA vivem em um condado considerado uma zona vermelha com altos níveis de transmissão de Covid-19 de acordo com as novas diretrizes de abertura de escolas compartilhadas pelo CDC na sexta-feira (12), de acordo com uma análise de dados federais da CNN. Comunidades vermelhas, ou de “alta transmissão”, são definidas pelo CDC como condados onde havia pelo menos 100 novos casos Covid-19 por 100.000 pessoas ou uma taxa de positividade de teste de pelo menos 10% durante os últimos sete dias.

A médica de emergência Leana Wen disse que as vacinações dos professores são cruciais para a reabertura das escolas – uma postura que difere da orientação de reabertura do CDC divulgada na semana passada. As diretrizes da agência não listam a vacinação como estratégia-chave para a abertura de escolas, focando em medidas como uso de máscaras e distanciamento físico, entre outros. A vacinação para funcionários e professores é “uma camada adicional de proteção”, disse Walensky. Se as escolas em comunidades de “alta transmissão” não podem “implementar estritamente todas as estratégias de mitigação”, o CDC diz que todas as atividades extracurriculares devem ser virtuais.

Além disso, as escolas de ensino fundamental e médio devem manter o aprendizado virtual nessas zonas vermelhas, e as escolas de ensino fundamental devem maximizar a distância física por meio do aprendizado híbrido ou frequência reduzida. No domingo, Walensky disse à CNN que, embora a vacinação para professores não seja um pré-requisito para reabrir escolas, a orientação atual do CDC diz que aqueles que estão em maior risco devem ter opções virtuais. “Eu defendo fortemente que os professores recebam vacinas”, disse Walensky. “Mas não acreditamos que seja um pré-requisito para a reabertura das escolas.” Wen, no entanto, chamou a vacinação dos professores de “essencial”. “Se queremos que os alunos frequentem as escolas presencialmente, o mínimo que podemos fazer é proteger a saúde e o bem-estar dos nossos professores”, disse. Ela disse que a vacinação dos professores é especialmente importante porque “em muitas partes do país, os professores já estão sendo obrigados a voltar à escola em áreas apertadas e mal ventiladas, com muitos alunos que nem sempre estão com máscara e praticando o distanciamento social”.

Fonte: Brazilian Press