Fui adepta tardia do Instagram: só me rendi a ter mais essa rede social no fim de 2017 –  com sete anos de “atraso”. Mas o que me fez mesmo aderir de vez à ferramenta foi a mudança para o Rio. Sempre fui mais de texto, e ter uma rede baseada primordialmente em imagens não me atraía. Tem uma parte disso que ainda não me atrai – o ‘lookinho’ do dia que me perdoe. Mas a possibilidade de ver fotos e vídeos fantásticos do mundo me pegou.

Aos poucos, fui deixando as discussões políticas do Facebook de lado para me dedicar a registrar, também, um pouco do céu, do verde, do mar, do sol do Rio. Depois de 16 anos na capital paulista, era sensacional ter um horizonte escancarado, um pôr-do-sol desimpedido de prédios, macaquinhos surpreendentes numa árvore qualquer. Desculpe, SP. Você pode ser bem instagramável com seus murais coloridos, ângulos impossíveis e jogos de espelho. Mas o Rio supera em formas naturais – e também nas urbanas de influência do Império ou do puro caos.

No primeiro ano na capital fluminense, acho que tirei um recorde de fotos (e olha que curto fotografar). E não importa que alguns lugares cariocas, de tão registrados, tenham virado clichê. Temos imagem deles em nossa memória e milhões nas redes sociais. Mas ainda queremos mais. A Lagoa Rodrigo de Freitas, o Theatro Municipal, a Pedra da Gávea, o Museu do Amanhã, o Jardim Botânico… Desafiar olhares cristalizados sobre essa cidade tão instagramável foi uma das metas do cineasta Ricardo Nauenberg, que reuniu mais sete artistas para a série Blink, que vem sendo exibida desde janeiro no canal Travel Box Brazil.

Um dos episódios é dedicado ao Arpoador. Esse pedacinho de mar tão querido que tem até iluminação para quem quer nadar à noite no verão de 40 graus. Que tem uma pedra que parece ter sido feita para observar (e aplaudir) o pôr-do-sol. Que atrai tanta gente que, num contexto de pandemia, de festa vira um risco. E teve visita até de elefante-marinho.

São turistas, moradores de longa ou curta data, casais. Grupos de amigos, garotas douradas, pescadores, surfistas. Surfistas que, muitas vezes, veem da água o espetáculo, num ângulo que nem todos têm. E defendem a energia do lugar. Certa vez, um Menino do Rio me contou que sua mãe não o deixou estudar na escola quase de frente para aquelas ondas. E ela estava coberta de razão: seria difícil ele ir à aula com tamanha tentação tão perto.

É um pouco dessa paixão que o fotógrafo Frederico Mendes procurou transmitir nas imagens que fez do Arpoador para a série Blink e no texto que escreveu para este blog sobre a experiência:

Apesar de já ter mergulhado ou fotografado na maioria das mais belas praias — como Bora Bora no Tahiti, Eilat no Mar Vermelho, Big Sur na Califórnia, Varadero em Cuba, Key West na Flórida, Fernão de Noronha, ou tantas no Caribe  — nenhuma se compara ao Arpoador. Não são só razões sentimentais — na juventude, durante as férias percorria diariamente os três quilômetros que separavam a minha casa em Copacabana até aquele mítico pedaço de areia e rochas, assim como foi lá que dei o primeiro beijo na primeira namorada — mas pela beleza do cenário e seu pôr-do-sol digno de aplausos.  Em que outro lugar do mundo o sol deita no mar entre duas ilhas  emoldurado pela harmonia simétrica do Morro dos Dois Irmãos?  Foi preciso, por força e sorte da profissão, viajar quase o mundo inteiro para descobrir que o mais bonito poente do planeta estava ali, tão perto da minha casa. Mas, curiosamente, o que mais gosto de fotografar no Arpoador não é o cenário ou os crepúsculos, mas as diversas pessoas que, vindas dos subúrbios cariocas ou da orla mais cara do Brasil, democraticamente ocupam a mesma faixa de areia lado a lado, como irmãos, como amigos ou torcedores na arquibancada de uma mesma torcida. Palmas para o sol porque ele merece! 

O que curtir (além, é claro, do óbvio)

Arp Bar
Segundo a Veja Rio, o bar com melhor vista da cidade fica, surpresa, no Arpoador! O bar do hotel Arpoador tem mesinhas na calçada e opções charmosas para um café da manhã ao ar livre, como bem pedem o Rio e a pandemia. Ou almoço, café da tarde, happy hour… Como o ambiente muda com a iluminação natural, vale voltar e voltar.

Galeria River
Conhecida por vender artigos para surfe, a galeria agora também atende quem curte patins e skates, comuns pela orla, além de trekking, escalada e lutas. É uma boa parada para ver a moda de alguns dos grupos mais presentes no Arpoador.

A série Blink

Além do Arpoador, é possível ter visões distintas sobre outros sete endereços icônicos cariocas. Além de Frederico Mendes e seu Arpoador, há o Theatro Municipal por Ricardo Nauenberg, o Jockey Club por Evandro Teixeira, a Pedra da Gávea por Levindo Carneiro, o Porto Maravilha  por Gui Paganini, o Edifício Seabra por Cristiano Mascaro, a Lagoa Rodrigo de Freitas por Luiz Garrido e o Jardim Botânico por Isabel Garcia. Além de poder ver a série no canal Travel Box Brazil, é possível ver retratos feitos durante as gravações na Plataforma ZYX Photo Art Gallery.

Fonte: Viagem e Turismo