Foto34 Antonio Massa Viana e família Antonio Massa faz palestra na Biblioteca Brasileira em NYC
Antônio Massa Viana, a esposa, Lélia e os filhos Cecília, Francisco e Joaquim (Foto: Facebook)

Antônio Massa Viana foi um dos primeiros imigrantes indocumentados a receber a licença para praticar Direito em Massachusetts

Nessa quarta-feira, dia 24, a Biblioteca Brasileira em Nova York (BEA) recebe Antônio Massa Viana, convidado especial do programa Quarta-Literária do mês de Abril. Ele compartilhará sua inspiradora trajetória de vida no Brasil e nos EUA, bem como de sua marcante carreira como poeta, jornalista, músico e advogado. O evento possui entrada franca.

Em junho der 2016, Antônio Massa Viana, de 41 anos, natural da Bahia, morador em Millis (MA), compareceu à Corte Suprema de Rhode Island. Ao contrário de inúmeras pessoas que visitam o prédio em decorrência de ações judiciais, a ocasião era motivo de orgulho para sua esposa, Lélia, e os três filhos, Cecília, na época com 14 anos, Francisco, de 12 anos, e Joaquim, de 8 anos: Ele seria oficialmente autorizado a praticar Direito no estado. Antes disso, em 2014, o brasileiro tinha obtido outra conquista inédita: Provavelmente, foi o primeiro imigrante indocumentado a receber licença para praticar Direito em Massachusetts.

A saga migratória vivida por Antônio, publicada no jornal The Boston Globe, começou em 1962, quando sua mãe na adolescência mudou-se para os EUA e casou-se com um cidadão americano. A união resultou em 2 filhos nascidos no país, mas ela perdeu o green card após a separação do marido. Então, ela voltou ao Brasil, onde teve mais 2 filhos, incluindo Viana.

Ela retornou aos EUA com a família quando Antônio tinha 12 anos. Na ocasião, ela tentou obter o green card para o filho, entretanto, preencheu o formulário errado e ele teve que voltar ao Brasil. Aos 19 anos, ele retornou aos EUA quando sua família mudou-se para Nova York e tentou novamente a legalização, entretanto, já havia ultrapassado a data limite por 1 ano. Durante as próximas duas décadas, ele tentou obter o green card através de laços familiares e trabalho. A maioria de seus parentes são cidadãos norte-americanos, incluindo a mãe, entretanto, os advogados o informaram que não havia solução para o caso dele.

Um dos primeiros empregos de Antônio nos EUA foi como jornalista no jornal Brazilian Voice, em New Jersey, antes de ser transferido posteriormente como correspondente e entregador em Massachusetts. Na época, ele possuía o visto de estudante e cursava Música na universidade em Nova York. O interesse por leis migratórias aguçou quando sua esposa perdeu o visto de trabalho como diretora de música de uma igreja católica. Na ocasião, os advogados informaram-lhes novamente que nada poderia ser feito, mas Antônio não se deu por vencido, vasculhou na internet e, em 2009, descobriu precedentes em uma ação judicial que ajudou a esposa a conseguir o green card. Entretanto, Lélia não podia fazer muito pelo marido, pois ainda não era cidadã norte-americana.

Em 2010, Antônio decidiu se entregar às autoridades migratórias na esperança de ter seu caso definido por um juiz de imigração. Mas, como ele não possuía antecedentes criminais, possuía uma casa, pagava impostos e tinha 3 filhos cidadãos americanos natos, as autoridades se recusaram detê-lo. Como não conseguia a residência permanente e nem ser deportado, ele decidiu, ao invés disso, cursar Direito na universidade em Rhode Island, através de uma bolsa de estudo integral. Durante 3 anos, ele acordou às 5:30 am e percorreu o trajeto de 1 hora e meia de carro de sua casa à escola. Para manter a família, ele ministrava aulas de violão e catecismo na igreja.

“Nós precisamos de bons advogados”, disse o brasileiro ao jornal The Boston Globe. “Para mim, nós precisávamos de alguém que já passou pelo processo, que tinha a perspectiva, que pudessem entender o que as pessoas realmente passam”.

A conquista de Antônio Massa Viana, além de certamente encher de orgulho a comunidade brasileira nos EUA, é prova de que, nessa terra de oportunidades, é possível alcançar o sonho americano. Em fevereiro de 2015, ele abriu o seu escritório em Massachusetts e já possui mais de 100 casos. “Quando a gente estuda é uma coisa, mas é na prática que vemos o privilégio de ajudar as pessoas”, disse ele. “Não desista, faça tudo o que você fizer com muito amor e cerque-se de pessoas que o amam, pois o apoio é fundamental”.

A Biblioteca Brasileira de Nova York (BEA) fica na 240 East 52nd Street, entre a 2ª e 3ª avenidas, em Manhattan (NY). Info.: (212) 371-1556.

Fonte: Brazilian Voice