Brasil e Estados Unidos se assemelham quando o assunto é prática de esporte e obesidade. De…

Brasil e Estados Unidos se assemelham quando o assunto é prática de esporte e obesidade. De acordo com o relatório da Associação IHRS, em 2018, o Brasil figura como o segundo maior mercado de fitness do mundo em número de academias. O país conta com 34.509 unidades, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Em contrapartida, uma avaliação realizada pelo primeiro Centro de Prevenção à obesidade da América Latina, Corpometria, prova uma relação entre os dois países no tocante à prática de exercícios e o aumento da obesidade. “Uma comparação surpreendente mostra que ambos países compartilham uma característica notável e quase idêntica: a coexistência de uma grande prevalência de obesidade e uma forte cultura de condicionamento físico, alimentação saudável estrita e uma espécie de culto ao corpo”, avalia o endocrinologista Flávio Cadegiani, MD, Ph.D.

Os dois países, atualmente, enfrentam uma guerra contra o sobrepeso e a obesidade. Nos Estados Unidos, a obesidade afeta 39,6% da população, segundo relatório do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Estados Unidos publicado em 2017. No Brasil, a acomete 18,9% dos brasileiros, e o sobrepeso já atinge mais da metade da população (54%), de acordo com dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

O poderoso mercado de fitness no Brasil vai além das academias tradicionais: depois dos EUA, o país detém o segundo maior número de boxes “certificados” de CrossFit. Além das atividades físicas, o mercado brasileiro de suplementos aumentou consideravelmente, e tornou-se um dos três maiores do mundo, só em 2017 o crescimento foi de 11%.

“Depois dos EUA, o Brasil é o maior mercado para o CrossFit, e tem o segundo maior número de academias ‘certificadas’ do CrossFit. Os dois países também movem o sucesso do Arnold Sports Festival – o maior evento multi-esportivo voltado para a imagem corporal popular na Europa, por exemplo. Por outro lado, o Brasil também ocupa uma posição elevada quando o assunto é número de cirurgias bariátricas”, explica o médico Flávio Cadegiani.

Um dos gatilhos para esta realidade, como alerta Cadegiani, pode ser relacionado aos extremos. “Manter uma rotina saudável – com atividade física e alimentação balanceada, por exemplo – está estritamente ligado a ter melhor qualidade de vida. Mas a cobrança pessoal e a frustração pode refletir em maiores taxas de ansiedade, alta prevalência de dismorfia corporal e abuso generalizado de esteroides. É um cenário comum para os EUA e o Brasil”, exemplifica o especialista.

Sobre a fixação em busca do corpo “perfeito” e o culto ao corpo, Cadegiani explica que o comportamento pode desencadear distúrbios graves e, ao contrário do objetivo inicial, resultar em um quadro de sobrepeso ou obesidade. “Os níveis de satisfação com a imagem corporal estão correlacionados com a probabilidade de transtornos de compulsão alimentar. A insatisfação, os transtornos da compulsão alimentar periódica, podem acabar sendo distorcidos e levar a pessoa à obesidade”, explica o médico.

Flavio Cadegiani possui graduação em Medicina, pela Universidade de Brasília (UnB). É endocrinologista com residência e título de especialista. Mestre e doutor (PhD) em Endocrinologia Clínica pela Unifesp/EPM. É o fundador e CEO da clínica Corpometria, referência na América Latina como o primeiro centro de prevenção de cirurgia bariátrica do mundo. Com o trabalho de prevenção de bariátrica, a clínica foi elencada como um dos três grandes centros mundiais de tratamento de obesidade no último Obesity Week, congresso americano de obesidade, realizado em novembro de 2018.

Fonte: Redação Braziliantimes

Fonte: Brazilian Times