A importação de painéis solares para a captação de energia deve dobrar em 2021, na comparação com o ano anterior.

Projeção divulgada nesta quinta-feira (9) pela Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) prevê que a compra de placas solares e outros componentes para esse tipo de instalação em outros países some US$ 2,032 bilhões (cerca de R$ 11,2 bilhões) ao fim deste ano, um aumento de 98% na comparação com 2020.

Para 2022, a perspectiva da associação é que as importações continuem em patamares elevados, uma vez que houve incremento em todos os tipos de geração, seja a centralizada (por meio de leilões) ou a distribuída (quando um consumidor instala a estrutura em casa, por exemplo).

Marcelo Machado, diretor da área de geração, transmissão e distribuição da Abinee, diz que há carência de materiais no mercado, diante de um aumento expressivo na adoção de energia solar, mas principalmente na microgeração.

Em agosto deste ano, o Brasil ultrapassou a marca de 10 GW (gigawatts) de potência instalada em energia solar, atingindo a 14ª posição entre os países com maior capacidade dessa fonte.

Segundo o presidente da Abinee, o momento seria favorável para o estímulo da produção de módulos de captação pela indústria nacional, mas esbarra no alto custo dos insumos. Além disso, os equipamentos para a geração de energia solar estão com o imposto de importação zerado desde o ano passado. “Chegamos a responder 19% da produção e hoje, com todo esse crescimento, estamos reduzidos a 2%”, diz Barbarto.

“Nossa reclamação não é sobre a abertura de mercado. O problema é que os insumos para produção não tiverem redução do insumo de importação”, afirma o dirigente. “Temos colocado esses números para o Ministério da Economia e esperamos que os insumos necessários à produção possam ter redução no imposto de importação para que a indústria brasileira tenha condições de competir.”

Na última semana, foi aprovada a renovação por cinco anos do Padis (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores), que terminaria em janeiro. Na prática, o programa garante incentivos fiscais para a compra de células solares, como módulos e painéis. Para a Abinee, a renovação é positiva e dá um fôlego à indústria.

Para 2022, a expectativa do setor é crescer 7% (2% de alta real) e faturar R$ 233,3 bilhões. A elevação no nível de produção e de emprego também estão estimados em 2%.

A associação da indústria eletrônica prevê R$ 4 bilhões em investimentos, um aumento de 10% em relação a 2021. Quase três quartos das empresas ouvidas pela Abinee disseram pretender aumentar o volume de investimentos em 2022.

Neste ano, o setor registrou faturamento foi de R$ 214,2 bilhões, com crescimento real de 7% na comparação com 2020. Ante 2019, o ano pré-pandemia, a alta foi de 6%.

Nas exportações, o setor já retornou ao mesmo patamar de negócios de 2019, antes da pandemia. Na comparação com 2020, houve alta de 26%, passando de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 25 bi) para US$ 5,6 bilhões (R$ 31 bi). As importações aumentaram 26%, de US$ 31,4 bilhões R$ 174,4 bi), em 2020, para US$ 39,4 bilhões (R$ 218 bi) neste ano. Na comparação com 2019, o crescimento foi de 23%.

A dificuldade com a compra de insumos e componentes eletrônicos segue uma preocupação das indústrias eletrônicas. Sondagem da Abinee aponta que 28% das empresas já não fazem projeções de quando a situação deverá estar normalizada. A expectativa de 39% é que isso ocorra em meados do ano que vem. Para 25%, porém, o fornecimento e a demanda só atingirão equilíbrio em 2023.

“Vale ressaltar que nenhuma empresa relatou paralisação total da produção, como no setor automotivo. Eles chegaram a parar e aí o setor eletro e eletrônico ocupou um espaço que era da indústria automobilística”, afirma.

“Nossas indústrias tiveram redução de ritmo, mas temos um portfólio que permite que o consumidor não tenha carência de produto.

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